Com logística de escoamento privilegiada, custos operacionais competitivos e clima favorável às lavouras, a região que detém os mais elevados índices de produção de leite do país é também a casa de campeões de produtividade de soja. Arapoti e Castro alcançaram recordes nas duas últimas safras, conforme o Comitê Estratégico Soja Brasil (Cesb).
O volume por hectare da oleaginosa nos Campos Gerais foi o segundo maior do Paraná em 2012/13, atrás do registrado no Oeste, conforme a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab): numa diferença de 3,4 mil para 3,5 mil quilos por hectare. No entanto, com preços 5% acima dos recebidos na região de Cascavel – pela proximidade de 200 quilômetros do Porto de Paranaguá –, os agricultores campesinos superam os demais em renda bruta. Não à toa, preferem deixar o gado em confinamentos e semiconfinamentos.
Ponta Grossa é o município que mais contribui para os resultados médios elevados, com produtividade de 3,6 mil quilos por hectare. A receita por hectare passa de R$ 3,6 mil para quem alcança R$ 60 por saca, com margem de 45% sobre os custos operacionais, mostram os dados técnicos do setor. É assim que a oleaginosa tem espaço garantido também em campos onde o milho rende até 10 mil quilos por hectare, com marcas comparadas às médias recordes dos Estados Unidos.
“Normalmente, os solos dos Campos Gerais são ácidos e pobres, mas dado o trabalho que essas terras receberam ao longo de anos de agricultura, e com o Plantio Direto na Palha (PDP), ficaram muito férteis. A matéria orgânica que fica no solo não é consumida rapidamente”, explica o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Soja, Amélio Dall´agnol.
O produtor Willem Bouwman, de Castro, alcançou 60 sacas de soja e 177 sacas de milho por hectare com clima normal. “É resultado dos investimentos no campo. O plantio direto e as tecnologias associadas são essenciais. Se não fosse o sistema, não sei se seria possível praticar agricultura nesta região hoje.”
“Em termos de custos, logística e rentabilidade, trata-se de uma das regiões mais privilegiadas do país, se não for a mais privilegiada”, aponta o analista de mercado da FC Stone, Étore Baroni. De acordo com ele, os Campos Gerais têm tudo o que um produtor rural sonha.
A sobrevalorização de terras dificulta a entrada de novos investidores. “Uma área que vale R$ 60 mil o hectare não vai se pagar nunca. E quem tem não vende”, diz Baroni. Com lucro de R$ 1,6 mil por hectare, são necessários 38 anos para pagar a terra.
Em Mato Grosso, por exemplo, é possível comprar um hectare por um terço do valor pago no Paraná. A margem das praças do Centro-Oeste, porém, é menor, de 26%, considerando preço médio de R$ 56 por saca e custo de R$ 2,06 mil por hectare. Com esses índices, a terra se paga em 25 anos.
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