Quem pensa que o turismo dos Campos Gerais se resume ao Parque Estadual de Vila Velha ou ao Canyon Guartelá engana-se largamente. O turismo rural começou a despontar na última década e, embora não esteja consolidado, evolui enquanto negócio. A prova é a diversidade de opções de hotéis, pousadas e cafés coloniais para quem busca sossego, ar puro e água fresca no campo.
Menos de um terço dos moradores da região vive na zona rural. E lá estão os sítios e fazendas de agropecuária que se tornam atração.
Na estrada de acesso ao Buraco do Padre – montanha oca com uma cachoeira interna localizada em Itaiacoca, a 21 quilômetros de Ponta Grossa –, a fazenda Nova Holanda foi modificada para a abertura do Kaffee-Loch (Café do Buraco).
O café tem quatro anos. “Quando resolvemos abrir, inauguramos em apenas dois meses”, conta a sócia Drielly Patrícia Vriesman, que acelerou a compra do mobiliário e a reforma da sede da fazenda. O sócio Carlos Luciano Tullio cita como apelo as mais de 50 variedades de bolos, biscoitos e tortas caseiras.
Do lado de fora, o visitante tem área verde, parque infantil e acesso a animais como um jumento órfão que foi criado a mamadeira. “Ele pensa que é um cachorro e por isso é muito manso”, ri Drielly.
Ainda no caminho do Buraco do Padre, o turista encontra o Porto Brazos, uma adega com vinhos à base de amora, espaço gourmet com geleias e queijos e um restaurante que abre aos domingos. O espaço foi inaugurado há sete anos por imigrantes belgas que trouxeram a amora – típica nos campos da Bélgica – para o Paraná.
Para fazer o turista se sentir fazendeiro por um dia, o hotel Itáytyba, em Tibagi, oferece pacotes com cavalgada, ordenha manual e café tropeiro. O visitante também pode apreciar a paisagem fazendo caminhada e andando de bicicleta pelas trilhas. Um mirante permite a observação do Parque Estadual do Guartelá com o cânion do rio Iapó.
O hotel tem 12 anos, mas foi nos últimos seis que viu a demanda aumentar com a pavimentação da Transbrasiliana – rodovia que passa em frente ao local. Segundo a assistente Silvana Ferreira, a maioria dos turistas é de famílias de Curitiba e Londrina.
Poder público tenta impulsionar turismo rural
A participação do poder público no desenvolvimento do turismo rural é tão recente quanto o interesse da iniciativa privada. Um núcleo de apoio lançado ano passado pela prefeitura Ponta Grossa atende 15 empreendimentos. Criou-se o Caminhos de Itaiacoca, que leva os turistas de ônibus até o distrito com paradas programadas.
A Agência de Desenvolvimento do Turismo dos Campos Gerais, ligada às prefeituras e à iniciativa privada, reconhece o potencial da região e está firmando um convênio com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para mapear o segmento. O trabalho vai iniciar neste semestre e servirá de subsídio para projetos na área.
Há nove anos, a Cooperativa Paranaense de Turismo (Cooptur) de Carambeí organiza rotas turísticas para os visitantes interessados em conhecer a região e o cooperativismo. São 14 municípios atendidos, que oferecem cerca de 50 produtos. A turismóloga da cooperativa, Debora Rickli, diz que os passeios mostram o agronegócio e a cultura da região.
A união de forças tenta fazer o turismo rural engrenar. As queixas dos proprietários rurais são a dificuldade de encontrar mão de obra. “Muitos querem descansar aos finais de semana e no turismo você tem que trabalhar”, lembra o empresário de Itaiacoca, Carlos Luciano Tullio.
Serviço
O Kaffee-Loch fica na PR-513, em Itaiacoca (Ponta Grossa), no acesso ao Buraco do Padre e funciona aos fins de semana e feriados. A Adega Porto Brazos, na mesma região, abre todos os dias. O Hotel Itáytyba tem serviços diários para turistas e fica na Rodovia Transbrasiliana, km 184 (Tibagi).
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