Pista única, sinalização deficiente e buracos: condições atuais da BR-163 nas proximidades da capital Campo Grande são precárias| Foto: Daniel Castellano / Gazeta Do Povo
Considerado um dos maiores gargalos logísticos da região Oeste, “Trevão” de Cascavel concentra o tráfego das BRs 277, 467 e 369. Foto: Cesar Machado / Gazeta do Povo 
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A obra de duplicação do trecho de 847,5 quilômetros da BR-163 no Mato Grosso do Sul, prevista no contrato de concessão que será assinado em março pela Companhia de Participações em Concessões (CPC), parte do Grupo CCR, irá elevar o tráfego de veículos na região Oeste do Paraná. A explicação está no aumento do fluxo de caminhões carregados com grãos do estado vizinho rumo ao Porto de Paranaguá.

Hoje, mesmo com pista simples e sem qualquer melhoria na rodovia, o terminal paranaense é a principal via de saída para a safra de grãos sul-mato-grossense. Para transportar toda essa carga, 4,6 mil caminhões transitam por dia na BR-163. De acordo com estudo desenvolvido pela Ritmo Logística, o número deve subir para 5,1 mil veículos pesados/dia. “A duplicação vai cortar 20 cidade no Mato Grosso do Sul e o ganho de produtividade no tempo de viagem será de 10%”, aponta a coordenadora do Núcleo de Inteligência de Mercado da empresa, Angela Fagundes.

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Outro ponto que deve contribuir para o aumento de carga na divisa dos dois estados é a possibilidade de enviar grãos pela Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), a partir de Cascavel.

Os dois lados da moeda

Apesar da futura cobrança de pedágio no trecho, que deve ter quatro praças, o setor produtivo sul-mato-grossense avalia que a concessão será benéfica para o agronegócio. As obras irão diminuir os congestionamentos, agilizando o escoamento e gerando economia de combustível e menor custo de manutenção dos caminhões.

Se do lado de lá da divisa há motivos para comemoração, o sentimento do lado paranaense é de preocupação. As associações do Oeste do estado afirmam que as rodovias na região já estão no limite e que o aumento de carretas geraria mais transtornos.

“O aumento do fluxo [de caminhões] vai gerar filas na rodovia [BR-277] e prolongar em 30% o tempo de viagem até Paranaguá. Isso é mais custo para os produtores e cooperativas”, lamenta Paulo Roberto Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel.

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Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, José Torres Sobrinho, a solução para o futuro aumento do tráfego passa por antigas reivindicações, a começar pela duplicação de vários trechos da BR-277 e a construção de um Contorno Norte, evitando que os caminhões carregados de grãos cortem Cascavel. “Essa obra tiraria cerca de 10 mil veículos por dia, principalmente os caminhões vindos de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e da nossa própria região”, afirma.

O contorno Oeste, inaugurado recentemente com extensão de 17,3 quilômetros, permite que cargas vindas de Mato Grosso com destino ao Porto de Rio Grande (RS) sigam sem obstáculos. “Só essa obra evita que 8 mil veículos por dia cortem a cidade”, ressalta Sobrinho. Ainda segundo o executivo, a obra está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 3.

Projeto prevê substituição do “Trevão” por trincheiras

A solução de um problema antigo do município de Cascavel pode sair do papel ainda neste ano. O Trevo das Cataratas, conhecido como “Trevão”, é considerado um dos principais estrangulamentos do tráfego na região, por concentrar o trânsito das rodovias BRs 277, 467 e 369.

Considerado um dos maiores gargalos logísticos da região Oeste, “Trevão” de Cascavel concentra o tráfego das BRs 277, 467 e 369. Foto: Cesar Machado / Gazeta do Povo 
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De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel, José Torres Sobrinho, uma obra que contempla quatro trincheiras, sendo três no local e outra 100 metros à frente, está prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 3.

Outra possibilidade seria a construção de um viaduto. Conforme a Ecocataratas, concessionária responsável pelo trecho, um projeto foi aprovado pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Paraná em 2010, mas a obra esbarra na falta de orçamento, já que o custo não está previsto no contrato de concessão.

“Existe um projeto mas é preciso fazer uma revisão do contrato e saber quem paga a conta”, diz o diretor superintendente da Ecocataratas, Jeancarlo Mezzomo.

4 milhões de toneladas de grãos poderão ser escoadas pela Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste) nos próximos anos, de acordo com presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Atualmente, a operação anual atinge 800 mil toneladas.

2,28 milhões de toneladas de soja e 550 milhões (t) de milho de Mato Grosso do Sul deixaram o país por Paranaguá em 2013. Exportações pelo terminal paranaense equivalem a 41% da safra sul-mato-grossense da oleaginosa e 30% da produção do cereal.

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Colaborou José Rocher