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Nas últimas três décadas, a agricultura brasileira passou por uma reestruturação na forma de administrar as propriedades. O setor dominado pelas máquinas e insumos agora também exige capital intelectual do agricultor. Apesar do baixo índice de escolaridade (apenas 18,58% dos produtores têm ensino médio ou superior no Brasil), o homem do campo está mais preparado para comandar maquinário de alta precisão, conhecer as modernas técnicas de plantio e acompanhar as informações dos mercados local e internacional para comercializar a produção.

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O novo perfil do agronegócio brasileiro está no Atlas do Espaço Rural Brasileiro, que usa dados do Censo de 2006 e acaba de ser divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo retrata que o amadorismo deu lugar à era do conhecimento, apontou o órgão de pesquisa. Ou seja, o agricultor que antes utilizava a enxada para preparar a terra agora lida com novos sistemas de irrigação, biotecnologia e o plantio de precisão.

Em Pato Branco, Sudoeste do estado, Eucir Brocco, 47 anos, faz parte da parcela de agricultores que investe em conhecimento voltado ao negócio. No currículo, além de uma série de palestras e "dias de campo", Brocco realizou quatro viagens internacionais (duas para os Estados Unidos e duas para a Europa) onde conheceu técnicas que, posteriormente, foram implantados nas suas lavouras de soja, milho, feijão e trigo na propriedade de 200 hectares.

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"Às vezes, as pessoas perguntam qual a minha formação. Respondo que são as experiências que adquiro visitando outras áreas, empresas e produtores", diz Brocco, que tem o ensino médio completo. "Hoje tenho conhecimento para assessorar outros agricultores da região e indicar formas de plantio e produtos", complementa.

Para Brocco, o processo de formação precisa ser contínuo. O agricultor planeja começar o treinamento de lideranças, promovido pela Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), no próximo ano. Caso o projeto se concretize, serão três anos visitando lavouras norte-americanas, da Argentina, Canadá, China, Rússia e no velho continente.

Juventude

A mudança de comportamento também pode ser notada principalmente na nova geração de agricultores. Em Vera Cruz do Oeste, distante 55 quilômetros de Cascavel, Oeste do Paraná, o produtor de soja e frango José Cândido da Silva, 55 anos, decidiu investir na formação do filho Fernando, 18 anos. O jovem completou o curso técnico agrícola e está cursando a faculdade de desenvolvimento de sistema.

"Eu transferi a necessidade de adquirir conhecimento que o mercado exige para o meu filho. Tudo o que ele fala eu coloco em prática", conta Silva, que terminou o primário em 1969 e nunca mais voltou a sala de aula. "Por aqui, muitos filhos de agricultores estão querendo ficar no campo e se preparando para isso", complementa.

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