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O momento não poderia ser menos favorável. A economia brasileira em recessão, a China desacelerando e a Europa lidando com graves problemas financeiros dentro do bloco do euro. Mesmo assim, quem tiver uma conversa com o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski, vai sair otimista. Se hoje o faturamento das cooperativas já ultrapassa o orçamento do governo do estado, a meta é dobrá-lo em menos de uma década, embora Koslovski não arrisque definir um prazo.

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Para isso, o plano é continuar o processo de industrialização das cooperativas e qualificação dos cooperados, sofisticando os produtos que vão diretamente para os consumidores e formando uma nova geração de administradores conectados com o que há de mais moderno em administração de empresas mundo afora.

Apesar da crise econômica rondar o país, as cooperativas parecem imunes. A que se deve esse fato?

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Primeiro porque não tivemos uma f lutuação significativa nas cotações da maioria das commodities em real. Os preços estão relativamente bons. E tivemos boas safras. As perdas climáticas foram pequenas e isso também ajudou. Estamos vivendo um momento importante de crescimento, mas precisamos ter cautela em relação ao momento delicado que estamos enfrentando na economia brasileira e paranaense. A elevação da carga tributária pode trazer uma recessão que poderá prejudicar o setor. Mesmo assim, existe um plano para dobrar o faturamento e chegar aos R$ 100 bilhões em alguns anos.

Existe um prazo para isso acontecer? Como atingir essa meta?

O plano ainda não prevê prazo. Acreditamos que em sete ou oito anos, mas evidentemente vai depender da conjuntura nacional e internacional. Há discussões nos cinco núcleos da Ocepar (Oeste, Sudoeste, Noroeste, Norte e Centro-Sul) para dimensionar o que vai ser feito regionalmente e individualmente em cada cooperativa. A somatória dessas demandas resultará em um planejamento estratégico estadual.

Qual o nível atual de industrialização dos produtos recebidos pelas cooperativas agropecuárias?

Cerca de 50% dos produtos recebidos pelas cooperativas passam por algum processo de transformação. A Ocepar tem estimulado para que isso possa ser feito na cooperativa ou de forma integrada, como nos Campos Gerais, onde há uma interação entre Batavo, Castrolanda e Capal, e no Oeste, com as cooperativas filiadas à Cotriguaçu. O que a gente gostaria – e estamos trabalhando para isso junto com as cooperativas – é que tivéssemos cada vez mais produtos de prateleira, de maior valor agregado. Já temos cooperativas com participação significativa desses produtos no seu faturamento, mas é uma área na qual ainda precisamos crescer. Costumo dizer, figurativamente, que precisamos “sofisticar” nossos produtos.

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Como a questão da formação de novas lideranças está sendo tratada?

Essa é uma preocupação constante, não só do Sistema Ocepar, mas das próprias cooperativas. Hoje temos dentro das cooperativas um programa chamado Certificação de Conselheiros, cujo objetivo principal é preparar conselheiros para que o processo de transição seja tranquilo. Só neste ano vamos ter 20 turmas nos diferentes ramos do cooperativismo. Só para dar uma dimensão, esse curso engloba 144 horas de trabalho e temos uma parceria com uma universidade, que confere o certificado. Além disso, várias cooperativas têm projetos paralelos e estão fazendo alterações estatutárias para ter um conselho de administração e uma diretoria executiva. A diretoria executiva seria contratada e o conselho seria eleito pelos cooperados. Esse equilíbrio é importante porque você alia o profissionalismo com a questão do planejamento e direcionamento. As grandes cooperativas já vêm adotando esse procedimento, que é fundamental para obter melhores resultados e manter o crescimento do sistema.