Nos últimos anos, a máxima de “não colocar todos os ovos em uma única cesta” está sendo utilizada em grande escala pelo cooperativismo do Paraná. Acostumadas a lidar com soja, milho, frango e suínos como principais negócios, as cooperativas estão diversificando o mix de produtos agropecuários e, consequentemente, ampliando o faturamento.
INFOGRÁFICO: Entenda como funciona uma cooperativa
Mesmo que as novas atividades ainda não representem fatia significativa nas receitas das cooperativas, elas são consideradas fundamentais para sustentabilidade do campo. O produtor que diversifica a propriedade consegue assegurar renda em casos extremos como fechamento de um mercado comprador, queda na cotação de um produto ou até mesmo doenças que comprometam uma safra.“Buscar alternativas de negócios é uma tendência nas cooperativas. É oportunidade de renda extra”, afirma o assessor técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Robson Mafioletti.
Os casos bem sucedidos de diversificação, sem deixar de lado os grãos e as carnes, estão espalhados pelo estado. Em Cafelândia, na Região Oeste, a Copacol investe em piscicultura desde 2008. Hoje, o sistema de peixes é um dos maiores do Brasil, permitindo que a produção seja distribuída em quatro estados, além do Distrito Federal. Praticamente na mesma época, a Integrada, de Londrina, no Norte, começou o projeto Sucos, que possibilitou a expansão dos pomares de laranja. Hoje, toda a produção dos associados é exportada em forma de suco concentrado para Europa e Ásia.
Em Corumbataí do Sul, no Oeste, a fruticultura também foi a aposta para viabilizar o agronegócio. Por três anos seguidos – 1998, 1999 e 2000 – os produtores enfrentaram dificuldades de clima e mercado com o café, até então a cultura que dominava a região. Em crise, a Coaprocor apostou então no maracujá. O baixo investimento inicial e o rápido retorno faziam da cultura uma promessa de bom negócio.
“Começamos com dez produtores. O objetivo era utilizar o maracujá para recuperar o café”, relembra Carlos Alves de Souza, gerente da cooperativa. “O planejamento era ficar apenas três anos com o fruto. Mas foi uma grata surpresa. Hoje, são mais de 400 produtores espalhados em mais de 20 municípios que entregam a produção na indústria e nos mercados. Além disso, estamos plantando uva, citros, caqui, abacaxi, acerola, goiaba, morango, todos filhos do maracujá”, complementa.
O produtor Olavo Aparecido Luciano (foto) foi um dos pioneiros na atividade. Com a plantação de café dizimada, investiu na compra de 300 pés de maracujá. Hoje, já tem 1,2 mil pés, que dividem espaço com pomares de caqui, citros, uva e laranja, e projeta colher 12 toneladas da fruta neste ano.
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