Consumidor mais exigente estimula produção de carnes especiais como a do angus.| Foto:

Precocidade, rusticidade, qualidade da carne e adaptação a diferentes sistemas de manejo. Essas são as principais características buscadas pelos produtores da bovinocultura nos Campos Gerais. As raças protagonistas da região – charolês, canchim, angus e purunã – registram crescimento com qualidades potencializadas por melhoramento genético. A raça charolês, origem francesa, tem rusticidade e força para se adaptar a diferentes condições e ambientes. É uma das mais expressivas na região Centro-Sul – Nelson João Klas, o criador tetracampeão nacional no ranking da Associação Brasileira de Criadores de Charolês (ABCC) é de Palmeira.

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Segundo o médico veterinário especialista nessa raça no Paraná, Christiano Justus, o clima dos Campos Gerais favorece a criação da charolês, que existe há mais de 70 anos na região. “O charolês contribui com peso, precocidade e bom acabamento de carcaça quando cruzado com outras raças, como canchim e purunã”, explica. O bom acabamento dá gordura na medida certa, sem excessos. Mas a raça também pode ser utilizada pura, para o criador que busca melhor desempenho.

Feito principalmente para cruzamento industrial, o gado canchim tem 80 criadores no Brasil. Para o diretor de divulgação da Associação Brasileira de Criadores de Canchim e pecuarista, Valentim Suchek, este ano está extremamente aquecido para a venda de touros no país. Em leilões promovidos recentemente, o preço médio do canchim passou de R$ 8 mil.Nos Campos Gerais, Ponta Grossa e Carambeí têm alguns dos principais criadores da raça, que possui a rusticidade do nelore e a precocidade do charolês. “O canchim leva para o pecuarista a precocidade nos bezerros cruzados. Os machos, por serem ganhadores de peso, vão oito meses mais cedo para o abate”, conta.

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O consumidor mais exigente abre caminho para carnes especiais, favorecendo o boi angus. Em 2014, foram comercializadas 3 milhões e 900 mil doses de sêmen da raça no país, um aumento de 14% em relação a 2013.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, esse crescimento têm se mantido na última década. Uma das razões para o impulso foi a parceria com o McDonald’s. Uma das possibilidades para a raça é o cruzamento com o nelore, pois valoriza a carne e os produtores podem integrar o programa Carne Angus Certificada, que oferece preço 10% acima do valor do mercado para gado comum.

“O cruzamento com o angus tem melhorado a carne zebuína do nelore”, diz Weber. O próximo passo é a exportação para a Europa, com um frigorífico próprio, viabilizada através de um convênio assinado neste ano. Dos 420 associados em oito estados brasileiros, cerca de 40 estão no Paraná.

Bicho do Paraná, boi purunã é filho da nobreza

Após mais de 30 anos de pesquisa, os Campos Gerais ganharam em 2012 o diferencial de uma raça produzida na própria região, com alto potencial para a pecuária de corte. O gado purunã é um cruzamento entre caracu, charolês, aberdeen angus e canchim e foi desenvolvido na Estação Experimental Fazenda-Modelo do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em Ponta Grossa.

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Cada raça somou suas qualidades ao purunã. O charolês deu velocidade de ganho de peso, com elevado rendimento de carcaça e porcentual de carnes nobres. Com angus, o purunã garantiu carne macia e alta qualidade de marmoreio. As vacas da raça purunã também têm habilidade materna e boa produção de leite, características de caracu e angus.

A purunã pode ser raça exclusiva ou cruzar com vacas nelore. O rebanho puro é de aproximadamente 2 mil cabeças, e há 6 mil animais registrados entre puros e cruzamentos.

Segundo o pesquisador do Iapar José Moletta, machos bovinos alimentados com silagem de milho e concentrado a base de farelo de soja, milho e sal mineralizado, quando apenas terminados em confinamento, têm ganho de 1,4 a 1,6 kg por dia, e peso médio de abate de 470 kg. Animais recriados e terminados em confinamento têm ganho de peso entre 1,2 a 1,4 kg por dia, e alcançam 450 kg aos 15 meses.

Na avaliação do pesquisador, são bons índices para a categoria. Cabe ao produtor avaliar qual raça é a mais adequada para o seu sistema de produção. Hoje, além do Paraná, a purunã tem criadores em estados como Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas.

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