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Em Ponta Grossa, ponto de encontro da BR-376 e da PR-151 marca o maior entroncamento rodoferroviário do Sul do país. |
Em Ponta Grossa, ponto de encontro da BR-376 e da PR-151 marca o maior entroncamento rodoferroviário do Sul do país.| Foto:

Entre os únicos investimentos fora da porteira que valorizam diretamente a produção primária, os recursos destinados à logística são os principais aliados dos Campos Gerais. Além de estar a cerca de 200 quilômetros do Porto de Paranaguá, a região conta com ferrovia e rodovias duplicadas para escoar a produção até o litoral e abriga um dos maiores polos agroindustriais do Paraná, o que garante demanda constante mesmo em períodos de baixa nas exportações. O tripé localização-infraestrutura-indústria alimenta um círculo virtuoso que proporciona aos produtores melhores preços para soja, milho, leite e carnes na comparação com outras regiões do estado, com benefício reverso na hora de custear a produção.

No caso dos grãos, dependendo da época do ano, o prêmio logístico pode chegar a até R$ 5 por saca ante os preços praticados em regiões mais distantes do porto, como o Oeste, mostram dados da Secretaria da Agricultura (Seab). “No final de agosto, a soja era comercializada a R$ 76 em Ponta Grossa, o maior valor não apenas do Paraná, mas de todo o Brasil, com exceção dos portos” cita Victor Carvalho, analista de mercado da Informa Economics FNP, lembrando que, nesta mesma época, os negócios eram firmados a R$ 72,50/saca em Cascavel.

Há um mês, essa diferença era de R$ 2,50/sc. “Isso se deve à extensão da janela de exportação, pois o Brasil está exportando bastante e a competição entre processadoras e tradings para exportação aumentou, impactando em altas maiores na cotação da soja em Ponta Grossa, pois essa região é mais próxima ao porto e tem diversas processadoras”, explica o analista.

A proximidade com Paranaguá, a principal porta de entrada dos fertilizantes no país, também faz com que os produtores dos Campos Gerais precisem desembolsar menos na hora de plantar, assegurando à região margens mais folgadas. “Os produtores de Ponta Grossa têm resultados bem superiores aos de Cascavel, por exemplo, não só pelo preço de venda superior, mas também pelos custos inferiores, já que, com valores de frete menores, pagam menos pelos insumos importados“, detalha o especialista.

Estudo da Informa revela que, aos preços atuais, o retorno sobre o capital investido para o cultivo de um hectare de soja chega a quase 50% na região de Ponta Grossa, o equivalente a cerca de R$ 2 mil – valor bem superior ao obtido em Cascavel (R$ 1,6 mil), onde a margem fica próxima de 40%. Os cálculos da consultoria consideram índices de produtividade superiores na praça do Oeste, numa diferença de 10 sacas/ha, já que, com solos mais argilosos, os cascavelenses costumam colher mais grãos por hectare do que os ponta-grossenses em anos de clima normal.

A vantagem, entretanto, vira a favor dos Campos Gerais em anos de veranico. “É uma das regiões mais regulares do país, que dificilmente tem quebra climática”, conta o produtor Ivo Arnt Filho, de Tibagi. “40 atrás diziam que os Campos Gerais não serviam para nada. Mas a região correu atrás, foi buscar alternativas e, com tecnologias como o plantio direto, mudou essa percepção. Hoje, compete de igual para igual com áreas que têm solos considerados mais favoráveis à agricultura, como o Oeste”, lembra o chefe do Departa­mento de Economia Rural da Seab em Ponta Grossa, Luiz Vantroba. Na última safra, pontua o técnico, a região teve a maior produtividade média de soja do estado.

Negócio bilionário

Proximidade com o Porto de Paranaguá valoriza produção dos Campos Gerais.

Dados preliminares da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) revelam que, no ano passado, Castro acumulou um VBP de R$ 1,3 bilhão – cerca de um terço menos que o líder Toledo, mas quase o dobro de municípios com larga tradição no agronegócio, como Londrina. Somente com o leite, uma das principais atividades da região, Castro faturou mais que o dobro do total arrecadado pela agropecuária de Maringá e deixou para trás outros 312 municípios do estado.

Os números atuais ainda devem sofrer ajustes, mas o posicionamento no ranking não deve mudar. Somando os 27 municípios que compõem os Campos Gerais, a região tem 12% do VBP do setor no Paraná, avaliado pela Seab em R$ 70,6 bilhões.

R$ 8,56 bilhõesfoi a renda bruta do setor agropecuário em 2014 nos 27 municípios que compõem a região dos Campos Gerais, segundo a Seab. Cifra equivale a 12% do Valor Bruto da Produção (VBP) do Paraná. Terceiro maior índice do estado, Castro lidera o ranking regional, com R$ 1,2 bilhão.

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