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Os números mostram que o agronegócio brasileiro é, mais do que nunca, movido a soja. Com o aumento na produção e as cotações em alta, o grão fechou 2013 com renda e participação recorde no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) – foram R$ 91,6 bilhões, ou 21% de toda a renda produzida no campo. O índice mede toda a riqueza produzida “dentro da porteira” e, no caso da oleaginosa, cresce a taxas maiores do que as demais culturas. Uma expansão que reforça a importância social e econômica do produto para o país.
Na última década o VBP da soja subiu em média 9,5% ao ano. O ritmo acelerado ampliou em mais de cinco pontos porcentuais a contribuição da oleaginosa na soma total da receita do agronegócio, mostram dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Na última safra o grão respondeu por pouco mais de um quinto de toda a renda produzida no campo.
A participação se torna ainda mais expressiva quando a análise leva em conta apenas o Paraná. Os R$ 16,1 bilhões faturados em 2013 com a soja representaram 31,6% do VBP estadual (R$ 50,9 bilhões).
Esse valor equivale à soma das lavouras de cana-de-açúcar, milho e trigo. O crescimento acumulado soma 107% desde o início da série histórica calculada pelo Mapa, em 2005.
A crescente participação da soja no VBP é reflexo da facilidade maior de cultivo e de comercialização em relação a outras culturas, avalia Júlio Suzuki, diretor de pesquisas do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). “Isso também ajudou a reduzir a necessidade de apoio do estado à produção”, indica.
Impacto urbano
Além de ganho econômico, o crescimento da soja também estimula o desenvolvimento social. Quinze dos vinte maiores municípios produtores paranaenses de soja possuem Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) considerado alto (acima de 0,7), indicam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A contribuição da oleaginosa no VBP também favorece a arrecadação das prefeituras do Paraná. Desde 1990 o valor é um dos critérios que definem os repasses municipais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte e de Comunicação (ICMS).
“A soja gera empregos, movimenta o comércio local e contribui para o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] dos municípios”, exalta Glauber Silveira, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil).
Consumo
A expansão da soja ajudou a satisfazer tanto a crescente demanda internacional quanto as indústrias locais. O volume exportado pelo Brasil saltou 114% em uma década, chegando a 42,7 milhões de toneladas em 2013. No mesmo período o processamento subiu 52%, totalizando 36,2 milhões de toneladas, mostram dados da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).
Nos últimos dez anos, a maior parte da produção passou por algum tipo de processamento dentro do país. A exceção ocorreu em 2013, quando os embarques para o exterior tomaram à dianteira – foram 42,7 milhões de toneladas ou 52% da safra nacional, conforme a Abiove.
A entidade defende que há mais espaço para a participação da indústria na economia local. Um dos fatores apontados como um limitante é o atual modelo tributário, que, em tese, privilegia a exportação do grão in natura. “O país poderia ter indústrias maiores e em maior número. Isso daria mais opções de venda para os agricultores”, argumenta Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da associação.
Cultura dá espaço a médios produtores
A produção de soja ganha escala, mas continua representando fonte de renda para pequenos e médios produtores. Quem mantém tradição de décadas na sojicultura considera a opção acertada. É o caso da produtora Cecília Barros de Mello Falavigna, que tem uma área de 290 hectares em Floraí (Norte do Paraná). Após a perda do marido, há 17 anos, ela assumiu o comando da propriedade e, mesmo sem experiência no campo, decidiu por manter as apostas na oleaginosa. “A soja é a nossa poupança. Graças a ela conseguimos sustentar a atividade no campo”, conta.
O bom desempenho do grão deu condições para custear a faculdade do filho e financiar uma segunda aposta: a produção de laranjas. Cecília relata que os constantes investimentos na propriedade também contribuíram para o resultado positivo. “É preciso acompanhar as tendências e buscar sempre a inovação.”
O olhar constante aos movimentos do mercado é o que também mantém o agricultor Jan Haasjes há quatro décadas na sojicultura em Castro (Campos Gerais). “A soja ajudou a impulsionar a propriedade”, resume. A área cultivada saltou de 100 hectares para 780 hectares (300 dedicados ao grão) no período. Além de avanços na assistência técnica, o produtor destaca evolução em maquinário e na forma de comercialização. “Antes a gente colhia e já vendia, hoje é possível escalonar as operações”, contextualiza.
Os especialistas avaliam que a presença da indústria é essencial para agregar valor à cadeia produtiva, mas isso não minimiza a importância da atividade primária. “A produção agrícola brasileira envolve alto grau de tecnologia, desde a genética das sementes, até a colheita mecanizada e altamente modernizada, o que reflete em si, um produto de expressivo valor agregado”, constata Adriana Silva, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Ela defende que a produção e o processamento são atividades paralelas, que devem coexistir.
Demanda acelera as exportações
Com uma safra recorde de mais de 87 milhões de toneladas, o Brasil prevê aumento nas exportações de soja desde o plantio, oito meses atrás. A meta era atingir 45 milhões de toneladas em 2014. No primeiro trimestre do ano, o ritmo dos embarques foi acelerado. O volume remetido ao exterior foi 83% maior que o do mesmo período de 2013. Porém, essa movimentação não é sinônimo de crescimento no VBP, conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), que revisou para baixo a previsão de embarques do ano, para 43 milhões de toneladas, contando com recuo na demanda chinesa.
Segundo a entidade, o complexo soja como um todo (grão, farelo e óleo) deve faturar menos do que no exercício anterior nas exportações. A entidade prevê queda de 11% no faturamento com os embarques, que se limitariam a US$ 27,57 bilhões. O recuo é atribuído a uma queda nos preços médios aferidos pelos exportadores.
Mercado espera reação na China
As margens apertadas que reduzem o esmagamento de soja na China e afetam a receita do Brasil com a oleaginosa – e que levaram ao cancelamentos de 500 mil toneladas em compras pelo país asiático – são de curto prazo e devem se normalizar no início do segundo semestre. A avaliação parte de players do setor.
Presidente da Bunge, uma das maiores empresas do agronegócio global, Soren Schroder disse que “as margens na China são ruins para todo mundo (...) Mas este é um problema de curto prazo”. Em sua avaliação, o quadro deve durar dois ou três meses. As previsões são de que a China importe 69 milhões de toneladas de soja neste ano, cerca de 9 milhões a mais do que as marcas de 2013 e de 2012, que foram estáveis. Com essa elevação, o país asiático amplia sua influência e sustenta as cotações internacionais, mesmo em ano de produção global 6% maior (284 milhões de toneladas).
VBP x PIB: O valor da produção ajuda a elevar o Produto Interno Bruto.
• Renda da fazenda
As duas principais estatísticas que medem o desempenho econômico do agronegócio estão correlacionadas. O Valor Bruto da Produção (VBP) equivale à renda aferida dentro da porteira. É calculado com base na quantidade produzida e no preço médio de venda de toda a produção do campo.
• Índice econômico
O Produto Interno Bruto (PIB) mede a riqueza adicionada à economia. Na prática a conta inclui, além do valor da produção, a receita do processamento e os custos em geral. Mede quanto o país ou um setor (de)cresce de um ano para o outro.
US$ 31 bilhões foram arrecadados pelo Brasil em 2013 com as exportações do complexo soja. Neste ano, o volume de grão a ser embarcado tende a crescer perto de 10%. No entanto, faturamento do setor, incluindo óleo e farelo, deve cair 11%, aponta a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
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