O ritmo das liberações de sementes geneticamente modificadas diminuiu no Brasil nos últimos anos, mas a indústria não parou. Um levantamento do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) mostra que existem 19 pedidos de liberação para produção comercial acumulados – 15 diretamente ligados ao agronegócio (um de eucalipto, quatro de soja e dez de milho).
Pesquisadores como Alexandre Nepumuceno, da Embrapa Soja, apontam para o risco de o acúmulo de processos adiar a chegada de novas tecnologias no mercado. Apesar de o país estar discutindo as questões relacionadas aos organismos geneticamente modificados (OGMs) de maneira mais técnica do que na década passada, existe risco de atraso nas análises, avalia.
Na percepção da diretora do CIB, Adriana Brondani, a demanda da indústria cresceu, se tornou mais complexa e a CTNBio precisa de tempo para as análises. Os integrantes da comissão são nomeados por dois anos e, a cada revezamento, precisam se inteirar das análises. “É preciso cumprir o rito processual sem atalhos”, observa.
O que vem pela frente, a julgar pelos pedidos em avaliação, são sementes com estruturas genéticas mais desenhadas que as atuais. Além da tolerância a herbicidas e da resistência a insetos, que predominam nas opções disponíveis no mercado, os grãos devem ganhar tolerância à seca, concentração de óleo, aumento de produtividade. No caso do eucalipto, os objetivos são elevar a densidade e a qualidade da madeira.
As liberações, que levavam cerca de um ano, agora estão demorando até mais de dois anos. Existe uma soja na fila há 30 meses e um milho há 24. As liberações externas, em países consumidores, também prolongam o processo. A soja Cultivance, da Embrapa e da Basf, aprovada em 2010 pela CTNBio, ainda não tem aval da União Europeia.
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