![Expointer: Estados do Sul se unem para estimular pecuária de leite Integração dos três estados depende de avanços na questão de sanidade, indicam os especialistas. | Ivonaldo Alexandre / Gazeta Do Povo](https://media.gazetadopovo.com.br/2014/09/73ed31ceb6f3d257c851eb1cf666fbe4-gpLarge.jpg)
ESTEIO (RS) -- O Sul do Brasil quer ser “um só player” na pecuária leiteira a partir do ano que vem. Os governos de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul anunciaram nesta terça-feira (2) a criação de um fórum permanente para elaborar políticas públicas em conjunto. Para desenvolver a atividade na região, que está concentrada em pequenas e médias propriedades, os três estados pretendem compartilhar experiências e as práticas que funcionam em uma federação devem ser adotadas como modelo e se tornar regras para os demais aliados.
O convênio, que cria a Aliança Láctea Sul Brasileira, foi anunciado durante a 37ª Expointer, uma das maiores feiras agropecuárias da América Latina, que segue até domingo (7) em Esteio (RS). A ideia da cooperação é aproximar entidades públicas de pesquisa, extensão rural e produtores das indústrias que atuam no segmento e tentar desatar os nós, especialmente sanitários.
Um estudo apresentado pelos representantes sulistas indica que a produção do bloco tem potencial para chegar a 19 bilhões de litros até 2020. Hoje, paranaenses, catarinenses e gaúchos coletam 11 bilhões de litros ao ano. O consumo doméstico, por sua vez, se continuar no mesmo ritmo de crescimento observado entre 2000 e 2012, pode crescer a 190 litros por habitante/ano, contra 171 litros que são consumidos atualmente. Se a projeção de produção for alcançada, sobrariam cerca de 5 bilhões de litros para serem negociados no mercado internacional, avalia Ronei Volpi, presidente da comissão de leite da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), responsável pela apresentação dos dados.
![](https://media.gazetadopovo.com.br/2014/09/4c012ed6c8067e097f5cf5a8770d5b2e-gpMedium.jpg)
DesafioMas há muito que se fazer para a aliança ter resultados práticos, reconhecem os próprios governos estaduais. Os problemas de sanidade dos rebanhos, a fiscalização e inspeção estão entre os primeiros pontos a serem atacados pelo grupo. Além disso, o bloco quer trabalhar para que haja maior transparência em toda a cadeia. “Combinar com a indústria para que ela revele de quem está comprando o leite é um primeiro passo para disseminarmos um sistema de cadastramento de produtores de ponta. É preciso que se pague mais pelo produto de qualidade e qualquer centavo a mais por litro faz muita diferença”, avalia o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.
O estado, que tem mais de 100 mil propriedades envolvidas com a produção de leite, é o primeiro a coordenar os trabalhos da aliança láctea no próximo ano. De acordo com Ortigara, entre as lições de casa a serem feitas está a renovação da exigência de exames de brucelose e tuberculose, doenças que têm atingido o rebanho estadual. “Estamos numa fase de identificação e sacrifício de animais positivos para a doença”, revela.
Para o secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Claudio Fioreze, a união da região deve facilitar o pleito de recursos dos três estados para programas específicos da cadeia leiteira, incluindo assistência técnica para fiscalização sanitária e até mesmo subsídio para energia elétrica. “Não podemos competir entre nós. Temos tudo para padronizar, temos disposição, vontade de dialogar e fazer o progresso da cadeia”, disse.
Santa Catarina, único com status de área livre da aftosa sem vacinação no país, acredita que a saída é “terceirizar” o serviço de inspeção sanitária. “Não deve ser só o governo que fiscaliza ou garante qualidade, isso deve partir de todo o setor. Hoje, nossa empresa de defesa agropecuária não coloca mais seus fiscais dentro da indústria. Nós credenciamos veterinários privados a fazer o trabalho sob auditoria do governo. É assim que funciona nos países desenvolvidos. E quando a indústria pisar fora da linha, a punição tem que ser rigorosa. Esse modelo funciona e precisa ser implantado em toda a região”, sentencia o secretário da Agricultura e Pesca do estado vizinho, Airton Spies.
Agenda
Os governos, federações de agricultura e trabalhadores, agências de defesa, empresas de assistência técnica e extensão rural de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul prometem construir uma agenda de trabalho e definir as prioridades da aliança em uma reunião que será realizada ainda este mês. Ao todo, 300 mil produtores de leite devem ser envolvidos pela cooperação técnica e política.
O jornalista faz a cobertura da 37ª Expointer a convite da Gerdau.
Deixe sua opinião