A grama do vizinho é sempre mais verde, diz o ditado. No caso dos pecuaristas paranaenses, por muito tempo foi assim. E era mais verde principalmente por causa da soja, que manteve sempre boas cotações.
Agora, com a arroba do boi gordo sendo negociada na faixa de R$ 140 – 18% a mais do que na mesma época do ano passado –, a mesa virou e deve continuar assim por um bom tempo. “Nós temos contratos futuro que estão sendo fechados em R$ 153 a arroba para outubro. Se continuarmos exportando, o valor deve chegar a R$ 160 para este mesmo mês”, prevê o analista Paulo Rossi, ligado à Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Isto porque a alta ocorreu antes mesmo da entressafra, que começa em abril e, por conta dos períodos de estiagem, prejudica o crescimento das pastagens. Aí vem o efeito dominó: menos alimento significa menos gado disponível.
“O valor mínimo previsto para a arroba em 2015 é de R$ 135 e, em 2016, R$ 130. E estamos falando de valor mínimo, para cobrir os gastos”, pontua Paulo Rossi, que atua como consultor e faz planejamentos para dois anos. “Eu acredito que, mesmo depois desse período, o preço não deve ser menor que R$ 120, por causa dos custos de produção.”
Os especialistas alertam para novos sinais do mercado. “A gente vê que a arroba não cede, mas o consumo de carne bovina já está um pouco menor. O consumidor é a última ponta da cadeia e eu não descarto que a redução no consumo seja um indicativo de que os preços chegaram perto de um teto”, observa Guilherme Dias, técnico da Comissão de Bovinocultura de Corte da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).
“A indústria está pagando caro pelo boi. Eles acabaram compensando nos subprodutos, mas chegaram ao limite. E você também não pode subir demais o preço da carne, senão o mercado engasga. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio”, frisa Paulo Rossi.
Situação vai levar anos para voltar ao normal
O momento é bom, os preços estão em alta, sobra cliente e falta mercadoria. Um cenário que, a princípio, pode atrair muitos investidores. Mas é preciso paciência para quem está começando do zero ou, pelo menos, sem uma estrutura bem montada. Significa que vai levar um bom tempo até que os produtores consigam dar uma resposta à demanda do mercado.
“Serão pelo menos quatro anos”, avalia o zootecnista Paulo Rossi, da UFPR. “O ideal seria de 15 a 16 meses para emprenhar uma vaca, mas o que a gente vê nas propriedades é que isso leva, no mínimo, 20 meses, mais 9 meses de gestação e 7 meses para o bezerro desmamar. Se o sistema for muito eficiente, ele pode virar um boi gordo em 12 meses. Estamos falando de 48 meses no total.” “Teve produtor que acabou com as fêmeas. E não tem perspectiva de voltar, porque pra pagar o investimento pode levar 10, 15 anos...”, conta o criador Alexandre Turquino.
Ainda que a redução dos rebanhos seja uma constante no Centro-Sul, a geografia favorece o Paraná. Para o professor Sérgio De Zen, da Esalq/USP, a localização do estado é um facilitador. “É até melhor do que São Paulo, pois você pode buscar o nelore em Mato Grosso do Sul ou trazer raças europeias do Rio Grande do Sul”, analisa.
Militares e policial federal são presos por suposta tentativa de golpe de Estado e plano para matar Lula
Texto do Brasil é aprovado no G20; Milei se opõe à Agenda 2030 e a limite à liberdade de expressão
Decisão do STF que flexibiliza estabilidade de servidores adianta reforma administrativa
Enel quer renovar concessão de energia em São Paulo por mais 30 anos
Deixe sua opinião