Os 127 quilômetros de pistas simples que restam na BR-376 entre Apucarana e a região de Curitiba-Paranaguá, apontados como entrave ao desenvolvimento do Norte e do Noroeste do Paraná, terão o tráfego destravado pelas obras de duplicação anunciadas em março pelo governo do estado. O projeto vai duplicar ao todo 231 quilômetros da chamada Rodovia do Café entre Apucarana (Norte) e Ponta Grossa (Campos Gerais), dos quais 104 contam com terceiras faixas.
Na maior parte do trajeto, o tráfego acaba limitado à velocidade dos caminhões, principalmente no auge do escoamento da safra de soja e milho de verão (fevereiro a maio). Nos trechos de maior movimento, os motoristas vão economizar até 20% do tempo, conforme a Rodonorte, concessionária do Grupo CCR, que prevê R$ 1,2 bilhão para a obra de sete anos.
Para garantir mais fluidez também ao desenvolvimento da região, foi necessária intensa mobilização política, de acordo com o presidente da Associação dos Municípios do Vale do Ivaí (Amuvi), Luiz Carlos Gil (PMDB), prefeito de Ivaiporã. As articulações envolveram 26 prefeitos, relata.
O orçamento de R$ 1,2 bilhão ultrapassa os investimentos realizados na BR-376 desde a concessão do trecho à iniciativa privada, em 1997, que somam R$ 970 milhões. Além da duplicação, haverá construção de nova ponte sobre o Rio Tibagi no km 461, dois viadutos sobre ferrovias, retornos a cada cinco quilômetros e correção geométrica de curvas, informa a Rodonorte.
Haverá ganho em segurança, aponta o prefeito de Marilândia do Sul, Pedro Sérgio Mileski. Dono da funerária Rosa Branca, ele conta que a concessão em si reduziu o número de acidentes graves e que, com a rodovia duplicada, espera-se novo recuo. “Havia uma vítima fatal ou mais da região de Marilândia todo mês e agora os acidentes são bem menos graves, nem chegam ao nosso conhecimento.”
“De Apucarana a Mauá da Serra [58 quilômetros] praticamente não há terceiras faixas. O pior trecho é de Apucarana a Marilândia [30 quilômetros]: o tráfego de caminhão é intenso e os demais veículos se obrigam a rodar lentamente”, lamenta Mileski. O início das obras estava previsto para 2015 e, em sua avaliação, a antecipação representa ganho significativo. “Se as obras começarem em 2013 ou 2014, já está bom.”
Para a Polícia Rodoviária Federal, é possível reduzir o índice de 77 acidentes por mês no trecho de 244 quilômetros entre Apucarana e Ponta Grossa – que considera acessos já duplicados. A expectativa é que seja zerado o número de colisões frontais, que em 2012 chegou a 36, com 21 mortes.
Travessia de cidades deve ser prioridade
A escolha dos trechos da BR-376 que serão duplicados primeiro tem dois critérios básicos: a fluidez e a segurança. E ambos devem fazer com que a travessia das cidades receba novo asfalto antes das regiões de traçado regular, conforme o presidente da CCR Rodonorte, Sílvio Marchiori. A ordem dos lotes de obras vai considerar também a necessidade de a Rodovia do Café continuar operando nas épocas de maior movimento, como a do escoamento da safra e a das semanas próximas ao fim do ano. A meta é concluir a duplicação no prazo de 7,5 a 8 anos.
Além dos 11 quilômetros de duplicação na saída de Ponta Grossa para Apucarana, confirmados como prioridade, entram na fila o restante desse trecho até Alto do Amparo (distrito de Tibagi), somando 20 quilômetros, e cerca de 11 quilômetros entre Apucarana e Califórnia. “Estamos com projeto executivo para o trecho de Apucarana a Califórnia, que é o mais movimentado, com 9,2 mil por dia aproximadamente”, afirma Marchiori. “As próximas decisões vão ser tomadas em comum acordo com o governo do estado”, acrescenta.
Em relação à contratação das obras, a CCR Rodonorte espera contar com pelo menos 15 companhias interessadas. A concessionária busca empresas que ofereçam da preparação do relevo às obras de acabamento. Essas empreiteiras poderão tercerizar tarefas. Para entrar no cadastro adotado pela CCR Rodonorte, precisam ter experiência no setor. A concorrência “está aberta a quem quiser participar e que, evidentemente, possua cadastro e atenda ao requisito de experiência”, afirma o presidente da concessionária.
A estimativa é que um terço do total de R$ 1,2 bilhão seja destinado a obras de preparação – que deixam o solo pronto para receber o asfalto. A duplicação é considerada uma obra complexa, principalmente da Serra do Cadeado até Ponta Grossa, por conta do relevo mais acidentado. Segundo Marchiori, a CCR Rodonorte deve recorrer a financiamentos para levantar os recursos necessários à duplicação da BR-376.
Do café à soja
A Rodovia do Café é o pedaço mais importante da BR-376 – que liga Dourados (MS) a Garuva (SC). O trecho abrange cerca de 460 quilômetros de Apucarana a Paranaguá e ganhou esse nome quando o café era o principal produto de exportação do Paraná (de Curitiba a Paranaguá, segue na BR-277). Implantado na década de 1960, possui 228 quilômetros duplicados, considerando os 216 de Paranaguá a Ponta Grossa e os 12 da Serra do Cadeado, obra de 2001, realizada após a concessão das rodovias paranaenses à iniciativa privada em 1997. Atualmente, a soja é o principal produto agrícola transportado na rodovia. A ampliação da produção, verificada em todas as regiões do estado, torna a infraestrutura deficitária para a exportação.
Disputa por duplicação
No cronograma da concessionária CCR Rodonorte, a duplicação do trecho entre Piraí do Sul e Jaguariaíva (PR-151) estava prevista para o período de 2012-2014, informa a empresa. Agora, com o anúncio da duplicação da BR-376 entre Apucarana e Ponta Grossa, não há previsão para o início dessa obra. A região terá de se mobilizar e apontar problemas de lentidão no tráfego e insegurança. O governo do estado enfrenta pressão também de regiões como a de Guarapuava, que reivindica a duplicação da BR-373 até Ponta Grossa. “Esse trecho canaliza o tráfego do Oeste e do Sudoeste. Deveria ser prioridade”, defende Rodolpho Botelho, presidente do Sindicato Rural de Guarapuava.
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