Pequenos e médios agricultores do Norte do Paraná estão encontrando na fruticultura uma nova e significativa fonte de renda. Sem deixar de lado a soja e o milho, integram cadeias de produção cada vez mais organizadas. Com manejo que dispensa plantio anual ou grande investimento em maquinário, frutas perenes se encaixam na agricultura e passam a alimentar agroindústrias.
Uma das principais iniciativas, o Projeto Sucos, da Cooperativa Integrada, expande a produção de laranja no Norte Pioneiro. Iniciado há sete anos, já cobre uma área de 12 mil hectares, que renderam 740 mil caixas em 2013 e prometem 1,5 milhão em 2014. Segundo o agrônomo Reginaldo Sabio, coordenador de Citricultura da Integrada e responsável técnico do projeto, toda a produção de suco concentrado tem sido exportada para Europa e Ásia.
“É um projeto sustentável que veio para ajudar o produtor a diversificar as atividades. Eles entram com a matéria-prima e a cooperativa com a construção da fábrica de esmagamento da laranja”, conta Sabio. A fábrica, localizada em Assaí, custou R$ 15 milhões à cooperativa e o projeto já integra 120 agricultores. Em muitos casos, a Integrada financiou a formação de pomares.
Segundo Reginaldo Sabio, o Projeto Sucos foi desenhado, calculadamente, num momento de recuo nos polos de produção (em São Paulo e nos Estados Unidos). “A Flórida (EUA) sofreu muito com doenças, mas todos os relatórios que temos indicam que o consumo continua estável no mundo.”
Um dos produtores que fazem parte do projeto é Marcos Chinaglia, de Cambé, que cultiva a laranja em 15% da propriedade de 35 hectares. Segundo ele, o preço de comercialização ainda não chegou ao esperado, mas a produtividade tem sido o dobro do que se previa. “Eu esperava colher 2 mil e poucas caixas, e deu 4 mil. Se o preço melhorar, vai ficar muito bom”, conta. No restante da propriedade, Chinaglia planta soja e milho e mantém um aviário de frango.
Além da Integrada, a antiga Corol, hoje incorporada pela Cocamar, também mantém agroindústria de suco de laranja, alimentada por produtores do Norte e do Noroeste. Nessas duas regiões, há cerca de 20 mil hectares plantados.
Com os novos projetos, os laranjais do Paraná passam de 30 mil hectares, após crescimento de 50% em cinco anos, apontam números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Caqui ganha espaço com produtividade elevada
O caqui deu certo numa propriedade, chamou a atenção de vizinhos e está se espalhando por fazendas e sítios do Norte do Paraná. Essa adesão vai contra a tendência registrada no estado, que reduziu a área da fruta em um terço nos últimos cinco anos, para 1 mil hectares.
De forma espontânea e baseada no empreendedorismo de famílias de japoneses, Mauá da Serra forma um novo polo de produção de caqui. Conforme o último levantamento da Emater, duas dezenas de propriedades dedicam 52 hectares à fruta, com produtividade média de 20 mil quilos por hectare, 5 mil a mais do que a média estadual.
“É uma cultura que tem crescido apesar da competição com os grãos. O retorno demora uns 10 anos para aparecer e o investimento inicial é alto”, conta o agrônomo Hernandes Takeshi Kanai, da Emater de Mauá da Serra. Na região de Curitiba, que concentra 450 hectares de caqui, a tendência é inversa. Cinco anos atrás, os pomares tinham o dobro do tamanho. O principal problema é a produtividade, 40% menor que de Mauá da Serra.
Os resultados animam os produtores do novo polo de fruticultura. O agrônomo Carlos Kamiguchi, um dos pioneiros do caqui, diz que a rentabilidade alcança 35% do capital investido. Num sábado à tarde de início de colheita, a Gazeta do Povo o encontrou no barracão da fazenda, com outros dez trabalhadores da família e contratados, fazendo a seleção e o encaixotamento das frutas em ritmo industrial.
“A exploração da fruticultura é para complementação de renda. Estamos muito satisfeitos com o caqui”, disse Kamiguchi. Numa propriedade de 350 hectares, o caqui ocupa área de 17 hectares – sendo 12 em produção e cinco em formação. São 6 mil pés, sendo 2 mil adensados, que devem produzir 200 toneladas neste ano. Na última safra, foram 150 toneladas (25% a menos).
Coco-da-baía no meio da lavoura
Em Colorado, considerada capital do rodeio do Paraná, uma empreendedora de muita personalidade vem ajudando a transformar a paisagem rural com a fruticultura. É dona Isaura Rocha de Oliveira, que há 14 anos iniciou uma plantação de coco-da-baía e hoje abastece o mercado de Londrina, Maringá e de outras cidades da região.
A plantação rende 500 mil cocos por ano – com faturamento aproximado de R$ 800 mil. Na atividade, são empregadas nove pessoas, todas com registro em carteira. “Até agora não vi nada que desse o mesmo rendimento do coco. Você tem a venda garantida, sem atravessador e sem depender do governo”, conta.
A plantação de coco se estende por 24 hectares – e já inspirou outros produtores da região. Segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral/Seab), outras cidades do Norte/Noroeste também estão formando coqueirais.
O valor da produção de coco do Paraná passou de R$ 1,3 milhão para R$ 3 milhões nos últimos cinco anos.
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