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Expolondrina

Sem planejamento, logística fica à deriva

Alta concentração  de navios em Paranaguá indica demanda aquecida e expõe limitação logística | Aniele Nascimento/ Gazeta Do Povo
Alta concentração de navios em Paranaguá indica demanda aquecida e expõe limitação logística (Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta Do Povo)

A logística caminha na contramão do desenvolvimento agrícola. Esgotados, os portos atrasam o escoamento da produção, represam a colheita nas fazendas e ainda engolem parte da receita do setor. E para chegar até a porta de saída os grãos ainda precisam percorrer um caminho cheio de obstáculos. Maior parte das estradas está em situação precária, com trechos de pistas simples e esburacadas; as ferrovias, consideradas a melhor alternativa de transporte para um país como Brasil, são ampliadas a passos de tartaruga; e as hidrovias acabam ficando de escanteio, com uma capacidade inalterada.

À infraestrutura sucateada somam-se outros dois problemas, diz Marcos Jank, especialista em agronegócio e bioenergia. O primeiro é o das greves dos trabalhadores portuários, que protestam conta a Medida Provisória 595, que prevê a privatização das operações nos terminais de embarque em todo o país. O segundo diz respeito à nova legislação trabalhista dos caminhoneiros, que deve tirar uma grande quantidade de carretas das estradas. “Tudo isso vai levar o frete para cima. E não será resolvido no curto prazo”, afirma.

Diante de um crescente apetite internacional por grãos, especialmente soja e milho, não importa quanto o Brasil irá retirar das lavouras, mas sim quanto o país conseguirá levar até os portos. Para Steve Chachia, da Cerealpar, o Brasil dificilmente cumprirá os planos com o mercado internacional. “Neste ano vamos exportar menos que o nosso potencial porque nossos portos e estradas não suportam um volume tão grande de soja e milho ao mesmo tempo.”

Para Jank, os problemas no escoamento vão resultar em um aumento brutal nos custos para os produtores e prejudicar a geração de renda e emprego, comprometendo o poder de compra nos polos agrícolas. “Estamos ‘gastando’ 30% a 40% da soja para transportá-la. Mas o mundo vai precisar do Brasil de qualquer jeito”, pondera.

A esperança do agronegócio brasileiro está na iniciativa privada. Com a aprovação da MP dos Portos, o setor acredita que novos terminais para exportação sairão do papel, principalmente no Centro-Oeste e Nordeste do país. “Hoje 60% da produção de grãos estão concentrados nessas regiões, mas somente 14% saem pelo Norte. 86% vêm para o Sul, particularmente para Santos e Paranaguá”, lembra Jank.

Novos portos

Saída – Brasil precisa de mais 106 novos terminais portuários até 2031, segundo levantamento da Booz&Company encomendado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Programação do governo era construir 42.

Fluxo dobrado – a movimentação de cargas gerais pelos portos brasileiros deve ser duplicada nos próximos 18 anos. Até 2031, o país exportará 1,8 bilhão de toneladas.

Caminho sobre rodas – cerca de 60% das exportações do agronegócio brasileiro passam pelo asfalto antes de chegar aos portos. Nos Estados Unidos, esse índice é de 10% a 15%. Norte-americanos priorizam hidrovias e ferrovias.

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