Mesmo depois de dois anos de forte ampliação na América do Sul e diante da perspectiva de uma safra maior nos Estados Unidos no próximo ciclo, a soja continua estimulando planos de expansão no Brasil. Com preços sustentados e elevados, a oleaginosa vai continuar sendo a opção mais rentável na safra de verão 2014/15, apontam especialistas. Os analistas preveem um incremento de 2% a 3% no plantio na próxima temporada, a partir de setembro.
Étore Baroni, analista de mercado da FCStone, ressalta que a expansão não deve ocorrer na magnitude com que vinha ocorrendo nos últimos dois ou três anos. “Para que esse ritmo fosse mantido, precisaríamos de preços tão competitivos quanto os da virada da safra de 2012 para a 2013/14”, justifica. “[O plantio] vai avançar mais dentro da média histórica, quebrando aquele ritmo de 7% a 10% ao ano das últimas duas ou três safras”, reforça Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP.
Nas últimas duas temporadas, os produtores brasileiros adicionaram 4,5 milhões de hectares à oleaginosa – um salto de 18%, superior ao crescimento registrado na América do Sul (15%). Juntos, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai cultivam hoje quase 54 milhões de hectares – 7 milhões (ha) incorporados nos últimos dois anos.
A América do Sul despontou como uma grande opção de fornecimento de soja para o mercado global. No último ciclo, contudo, o incremento da oferta sul-americana já não ocorreu nos níveis que o mercado esperava. As projeções de colheita, que rondavam as 160 milhões de toneladas no início da temporada 2012/13, foram reajustadas para a casa das 150 milhões (t). “Com isso, a queda que era desenhada para as cotações em 2014 acabou não ocorrendo. Então, a soja ainda tem uma gordura para queimar antes de começar a pressionar a condição de rentabilidade do produtor brasileiro e perder terreno para o milho no verão”, avalia Pereira.
“Faz quatro a cinco anos que o mundo não consegue produzir uma safra normal nas duas Américas”, destaca Baroni. Ele ressalta que isso tem dificultado o processo de recomposição dos estoques mundiais (veja gráfico), o que deve manter as cotações sustentadas em níveis atraentes.
“Se a safra norte-americana for bem, os preços vão recuar um pouco mais, mas a soja não deixará de ser rentável”, considera o analista da FCStone. “Mas para não perder muito o compasso ou o ritmo de remuneração, a cautela é o termo ideal para 2014/15”, adverte Pereira.
Até o último grão
A demanda internacional aquecida tem feito os dois principais produtores de soja do mundo zerarem seus estoques ao final da temporada. Nos últimos anos, norte-americanos e brasileiros vêm liquidando praticamente até o último grão.
Há pelo menos três safras, os Estados Unidos encerram a temporada com reservas inferiores a 5 milhões de toneladas – nível mínimo considerado confortável pelo mercado. No Brasil, os estoques finais da oleaginosa caíram abaixo de 1 milhão de toneladas em 2011/12 e em 2012/13.
Ventos do Norte
Os resultados da safra dos Estados Unidos vão influenciar as decisões do Hemisfério Sul.
• ÁREA
Depois de dois anos em queda, a área destinada à soja deve voltar a crescer nos Estados Unidos na temporada 2014/15. As projeções são de incremento de 1,2 milhão de hectares, mas consultorias privadas sinalizam salto de mais de 2 milhões de hectares.
• PRODUÇÃO
Com as apostas de plantio definidas, os Estados Unidos prometem colher a maior safra de todos os tempos no próximo ciclo. Se tiver uma resposta favorável do clima, têm potencial para mais de 95 milhões de toneladas de soja.
• ESTOQUES
As reservas mundiais vêm sendo lentamente recompostas, mas os estoques norte-americanos estão baixos. Enquanto o mundo tem excedente para 96 dias de consumo, os EUA mantêm estoques para apenas 16 dias.
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