Num ano de crise para a cafeicultura, a adoção de técnicas modernas de manejo e irrigação oferece lucro a cafeicultores do Norte e Norte Pioneiro do Paraná. A irrigação por gotejamento, por exemplo, garantiu umidade aos cafezais durante a forte estiagem do início do ano. As plantações apresentam grãos vistosos como os de cafés especiais – geralmente encontrados em terras de maior altitude.
A recuperação dos preços amplia o valor da colheita, que ocorre entre abril e maio. A saca, cotada a R$ 300 em 2013, chegou a R$ 450 no início deste ano, depois de confirmada a quebra climática.
Um dos produtores que está driblando o clima e se beneficiando das novas cotações, Jorge Atherino planta 120 hectares de café às margens do Rio Paranapanema, em Lupionópolis (Norte). Como sua propriedade não foi atingida pelas geadas do inverno de 2013, a expectativa é de 80 a 100 sacas por hectare.
“A irrigação literalmente salvou a lavoura. Praticamente não tivemos perda e a qualidade está muito boa”, conta. “É um bom momento para nós, só não é melhor porque não gostamos de ver a desgraça dos outros.”
Atherino utiliza na propriedade a irrigação por gotejamento, uma técnica trazida de Israel que deposita a água, gota a gota, diretamente no pé da planta. A eficiência do sistema reduz a demanda de água a 1% do volume usado em sistemas como o de pivô central. Além disso, o sistema melhora a eficiência na aplicação de defensivos e de adubo líquido. “A dosagem de micro e macro nutrientes é muito mais eficiente”, garante o cafeicultor.
O agrônomo e consultor em cafeicultura irrigada Denilson Luis Pelloso diz que a irrigação por gotejamento combinada com aplicação precisa de insumos confere ao produto final um status próximo ao dos cafés especiais. “O café especial geralmente está ligado à altitude e a um bom manejo de colheita. Porém, a irrigação bem aplicada tem gerado grãos vistosos, mais bonitos, que têm ótima aceitação em cafeterias. E o mercado tem pago a mais por isso”, explica Pelloso, que presta consultoria a 15 cafeicultores de alta tecnologia no Norte e Norte Pioneiro do Paraná.
Margem extra
O cafeicultor Reeè Van der Goot, de Carlópolis (Norte Pioneiro), conta que a valorização do café de qualidade pode chegar a 20% na comercialização. Em sua propriedade, toda a produção tem rastreabilidade e é segregada por qualidade, tipo de bebida e local de plantio.
“Num ano como este, em que o setor teve uma perda enorme, o investimento na irrigação praticamente se pagou”, conta Van der Goot. Animado, dentro de 30 dias ele pretende lançar sua própria marca de café. Fruto de um planejamento de vários anos, a criação da marca promete agregar valor à produção e dobrar a lucratividade.
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