“Para atender a demanda internacional, a América do Sul tem que aumentar a produção de soja em 50 milhões de toneladas nos próximos dez anos. Metade deve vir de aumento na produtividade. A outra metade será expansão de área, com a conversão de pastagens à agricultura”, apontou Seneri Paludo, diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), durante o 1º Fórum de Agricultura da América do Sul, que reuniu mais de 300 lideranças, especialistas e autoridades em Foz do Iguaçu na última semana. O evento, realizado pelo Agronegócio Gazeta do Povo e pelo Conselho Agropecuário do Sul (CAS), mostrou que mercado não deve faltar, mas que o crescimento equilibrado vai exigir um monitoramento constante do consumo de alimentos e de agroenergia.
Em um momento decisivo para ordenar a expansão do agronegócio, o Brasil e mais cinco países vizinhos alcançam uma visão clara sobre a demanda global por alimentos, mostrou o Fórum.Com mais áreas disponíveis, o Brasil assume a liderança nas discussões sobre expansão da colheita. “Acredito no agro como alavanca para o país. Temos solo, tecnologia e produtor disposto ampliar a safra”, disse o ministro brasileiro da Agricultura, Antônio Andrade. Ele apontou, durante o Fórum, a necessidade de o país e a região se manterem atentos ao “que o mundo espera de nós”.
O mercado nos países em desenvolvimento emite estímulo cada vez maior à produção de proteína e as reflexões sobre as tendências tornam-se decisivas porque determinarão até que ponto a América do Sul se beneficiará desse cenário, destacou o ministro da Agricultura do Uruguai, Tabaré Aguerre.
A situação da oferta não é tão confortável, apontou Seneri Paludo. A partir de agora, será mais difícil incrementar a produção sem incorporar novas áreas, considerou. A meta é elevar a produtividade da casa de 50 para a de 59 sacas/hectare na próxima década”.
“O Brasil está assumindo a liderança na produção e na exportação de soja, combinação que só se esperava para daqui duas safras”, disse. Em sua avaliação, a safra que começou a ser plantada há dois meses com perspectivas de produção de 88 milhões de toneladas agora pode atingir 90 milhões de toneladas.
Se chegar a 59 sacas por hectare, a agricultura brasileira tende a ganhar 4,8 milhões de hectares sobre áreas de pastagens para atingir a marca de 120 milhões de toneladas esperada para 2023. Se essa produtividade não for atingida, será necessário incremento de 6 milhões de hectares, apontou. Com esta expansão, a soja cobriria 35 milhões de hectares no início da próxima década. “Tem área? Tem”, cravou Paludo.
A necessidade de expansão na soja está em linha com a previsão feita por Ken Ash, diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Ele disse no Fórum que, para atender a crescente demanda, a produção mundial de alimentos precisa crescer 60% nos próximos 40 anos. Nessa conta, a América do Sul terá responsabilidade dobrada em relação ao outros players da oferta.
Os 5 desafios sul-americanos:
1 – Integração
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai têm a necessidade de elaborar ações conjuntas para o setor, dentro e fora da porteira. Produção, escoamento, e políticas de cooperação devem estar na pauta dos seis países que compõem o bloco de após o Fórum.
2 – Tecnologia
Apesar dos ganhos em rendimentos por hectare, o agronegócio sul-americano acumula déficit de produtividade de 52% em relação ao seu potencial tecnológico. A difusão de tecnologia entre os países é uma das estratégias para que o bloco diminua esse gap.
3 – Sustentabilidade
A região tem a maior disponibilidade de terras agricultáveis e água do planeta, mas também deve ser impactada pelas mudanças climáticas. Ou seja, terá de elevar a produtividade e estabilizar a oferta de alimentos usando menos recursos naturais.
4 – Mercado
A América do Sul precisa assumir a ponta das negociações com nações importadoras para deixar de ser tomadora de preços e passar a ter maior influência na formação das cotações internacionais e se consolidar como a grande fornecedora para o mundo.
5 – Logística
A consolidação da região na liderança das exportações depende em boa medida da eficiência logística. Infraestrutura de portos, estradas, ferrovias e hidrovias deve ser planejada de forma conjunta pelos seis países.
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