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A agropecuária sul-americana precisa, de forma urgente, ampliar os seus tentáculos além dos limites da América do Sul para dar sustentabilidade às atividades ligadas ao campo, hoje pressionadas principalmente pela queda nos preços de commodities como soja e milho. O Brasil está em negociação com 16 países (veja no quadro ao lado). A necessidade de expansão dos negócios pautou o 2.º Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido na semana passada pelo Agronegócio Gazeta do Povo, em Foz do Iguaçu (Oeste do Paraná). O evento reuniu 30 palestrantes e mais de 300 lideranças do setor de 11 países em três conferências e oito painéis sobre sustentabilidade e inovação.

Atualmente, os governos dos países da região colocaram como prioridade na agenda a construção de relações comerciais com nações dos cinco continentes. Dezenas de acordos já foram assinados, e outros seguem em negociação. Esse processo para garantir novos compradores para a produção agropecuária se intensificou em 2012, quando iniciou a queda nos preços das commodities, principalmente da soja, e com a China reduzindo o ritmo de sua “fome” por grãos.

“Esta nova fase [de baixa nos preços] poderá ter duração maior do que muitos esperam. Os estoques globais são os maiores da história, com tendência de aumentarem mais, e a demanda chinesa não é mais suficiente para causar a era dos preços altos”, avalia o sócio-diretor da AGR Brasil, Pedro Dejneka.

Vizinhos à frente

Chile, Colômbia e Peru (membros-fundadores, junto com o México, do bloco Aliança do Pacífico) são os países da América do Sul que melhor têm feito a lição de casa. Nos últimos anos, os três criaram uma rede de compradores de dar inveja aos grandes players agrícolas sul-americanos. Atualmente, o trio possui acordos comerciais com mais de 50 nações, incluindo grandes consumidores mundiais como Estados Unidos e União Europeia até nações com menor poder aquisitivo, mas não menos importantes em momentos de aperto, como Brunei, Tailândia e Vietnã, todos no sudeste asiático.

“Peru, Chile e Colômbia avançaram bastante nos acordos e garantiram mercados para os seus produtos. Podem ser considerados bons exemplos dentro da região”, aponta Alinne Oliveira, superintendente de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Os acordos garantem negócios rentáveis para o setor. No ano passado, o Chile exportou U$ 16,1 bilhões em produtos agropecuários, enquanto o Peru somou U$ 8,1 bi e a Colômbia U$ 6,6 bi. Números considerados relevantes para países que não têm o agronegócio como base da economia nacional, como é o caso de Brasil e Argentina.

Mercosul

Enquanto os colegas sul-americanos contabilizam feitos internacionais, os países do Mercosul têm dificuldade em ampliar seus negócios com outras partes do mundo. O grupo possui uma cadeia bastante restrita, o que pesa na hora de dar sustentabilidade para o agronegócio. A participação no comércio mundial é de apenas 2,4%, cerca de 5% do PIB global.

Diante deste cenário e da fraca mobilização conjunta dos integrantes do Mercosul, agentes públicos e privados defendem que o Brasil, pela importância econômica da agricultura, assuma papel independente na procura por novos parceiros comerciais.

“Nós [Brasil] ficamos pensando em Mercosul, os outros passaram na frente e ficamos a vez navios”, diz Nelson Costa, superintendente adjunto da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná). “Nós não podemos ficar fora da rede de apoio que está acontecendo. Se não for possível avançar em bloco, o Brasil precisa fazer acordos bilaterais”, complementa Alinne.

Negociação

O Brasil tem estreitado relações com países de todos os cantos do planeta.

Canadá: Negociações adiantadas para exportação de pet food com proteína de ruminantes em sua fórmula.

União Europeia: Futuro mercado para carne suína, pendente pelo uso da ractopamina.

Estados Unidos: Consulta pública para importação de carne bovina in natura de 14 estados brasileiros livres de febre aftosa com vacinação. O negócio seria uma referência mundial do serviço veterinário brasileiro.

África do Sul: Negociações avançadas para a reabertura dos mercados de carnes suína e bovina.

Uruguai: Acordado o modelo de Certificado Sanitário Internacional para a exportação de pet food.

Coréia do Sul: Perspectiva de abertura do mercado para carne suína.

Paquistão: Abertura do mercado de aves.

Chile: Negociações em andamento para avicultura.

Japão: Abertura do mercado para carne suína de SC, etapa final para retomada do mercado bovino e intensificação das ações de promoção comercial

Ucrânia: Fim do embargo a alguns vendedores de carne suína. Envio de proposta para pet food e material genético bovino

México: Negociações para abertura do mercado para carne suína.

Venezuela: Contato para a concessão do sistema de pre-listing para habilitação de frigoríficos.

Argentina: Fim das restrições com relação à doença da vaca louca para vendas de gelatina e colágeno.

China: Aprovação da importação de nova soja transgênica .

Fonte: Mapa

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