O Brasil e seus vizinhos estão descobrindo um novo caminho para as Índias. “A Índia é um país que está crescendo muito, a população vai ultrapassar a da China, por isso, temos um potencial muito grande”, afirma Lalit Khulbe, da Gharda Chemicals Limited, empresa multinacional de defensivos agrícolas.
Khulbe foi o mediador do debate “Da América do Sul à Ásia: Novas Fronteiras de Produção e Consumo”, no 5º Fórum de Agricultura. Com as palestras de Emilce Terré, coordenadora de Estudos Econômicos da Bolsa de Comércio de Rosário, na Argentina, e Leonardo Ananda, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia, o público ficou ciente do potencial de importações apresentado pela Índia, que deve ser aproveitado pelos grandes produtores de grãos da América do Sul: Brasil e Argentina.
Segundo Ananda, os primeiros passos já foram dados. “Nos últimos dois anos as colheitas da Índia não superaram a demanda, e o Brasil assinou diversos acordos na área agrícola. O cenário político está preparado para que os negócios aconteçam”, afirmou.
A expectativa de que o país asiático se torne um forte parceiro dos países tem tudo a ver com o perfil da população indiana, que já está próxima de 1,4 bilhão de pessoas e deve ser a maior força de trabalho até 2030, segundo o Banco Mundial. Por ser um país com mais de 60% da população vegetariana, a Índia depende muito do consumo de proteína vegetal, lembra Khulbe.
O potencial de consumo também foi reforçado pelo presidente da Câmara de Comércio Brasil-Índia: “São mais de 300 milhões de pessoas de classe média e mais de 100 milhões de milionários. É a terceira economia do mundo em poder de compra”. De acordo com Ananda, de um grande importador de grãos, a Índia também passou a um grande exportador de produtos como agroquímicos, mas depende muito de commodities de outros países para seu consumo interno. “A Índia é um dos maiores produtores de açúcar, e mesmo assim tem que importar por conta da demanda da população”, completa.
Desafio logístico
Com a terceira posição de mercado mundial de grãos, a Argentina tem a oportunidade avançar ainda mais a produção com os novos desafios globais, segundo Emilce Terré. “Fizemos as estimativas dos próximos anos e prevemos que de 2014 a 2024 nossa produção de grãos vai aumentar 30%, graças às mudanças de políticas agrícolas. Há dois anos achávamos que iríamos exportar apenas 2% a mais, mas agora pensamos em ampliar as exportações em 67%”, afirma.
Apesar disso, Terré aponta dois problemas que também existem no Brasil para o escoamento da produção: a logística e a alta carga de impostos. Em uma comparação entre os três maiores produtores de grãos do mundo (Estados Unidos, Brasil e Argentina), ela deixou claro o equilíbrio norte-americano para escoamento entre ferrovias e rodovias, enquanto que no Brasil e Argentina há uma forte dependência de caminhões.
Neste sentido, Terré apresentou uma conta que favorece o Brasil: “O custo por caminhão na Argentina é 70% mais caro que nos Estados unidos e 76% que no Brasil”, explica. Ela revela que mais de 40% dos custos são com frete e impostos, e que outros 24% vêm de custos trabalhistas.
De acordo com a representante da Bolsa de Rosário, a vantagem argentina é a menor distância, pois a produção está fortemente concentrada em uma região: a Sudeste, onde fica Rosário, apesar do recente aumento da produção no Norte e no Noroeste argentino. Assim, grande parte dos grãos escoam pelo Rio Paraná, mas também há dependência do porto de Bahia Blanca, em Buenos Aires.
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