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 | Jonathan Campos / Gazeta Do Povo
| Foto: Jonathan Campos / Gazeta Do Povo

Com uma agenda abrangente -- que reuniu diversos membros da cadeia produtiva do agronegócio mundial -- as discussões do 2º Fórum de Agricultura da América do Sul mostraram que o setor depende de ações conjuntas e integradas para garantir um crescimento sustentado nos próximos anos. Seja no cultivo de grãos ou na pecuária, produtores, pesquisadores, empresários e governantes precisam dar sua contribuição em ações que vão ajudar a ampliar a representatividade e a influência da região no mercado internacional, mostraram as três conferências e oito painéis do evento.

Em um dia e meio de programação, os mais de 300 participantes conheceram desafios e oportunidades para o agronegócio sul-americano. Temas como logística, políticas públicas, bioeconomia, mercado e relações comerciais foram esmiuçados.

Em cada palestra foram evidenciados casos práticos que podem orientar mudanças. No painel de Carnes e Lácteos, por exemplo, a conclusão é de que a sanidade precisa virar obsessão. Atualmente apenas 11% da produção mundial de proteína é exportada, o que dá margem para maior participação da América do Sul nas trocas globais. Para isso, contudo, é preciso implementar medidas coletivas que reduzam os riscos sanitários, apontou Elias Zydek, diretor executivo da Frimesa. “Os desafios globais exigem soluções globais e ações locais. Nós é que temos que implementar medidas transformadoras nessa questão”, resume.

O trabalho começa dentro da porteira e se estende até os corredores de exportação da produção. Na cadeia de grãos, o desafio exige mudanças nas políticas governamentais.

No painel que discutiu o papel do estado no apoio ao setor o professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Antonio Buainain, destacou que as políticas públicas precisam contemplar quatro grandes frentes: relações internacionais, infraestrutura, crédito e regulamentação de temas como biossegurança e meio-ambiente.

A grande disparidade entre os países, no entanto, limita um alinhamento efetivo dessas políticas dentro do grupo, restringindo as ações em busca de mercados externos. “O estado precisa atuar na linha de frente, abrindo mercados e aplicando as regulamentações adequadas”, apontou.

Para Pedro Dejneka, palestrante AGR Brasil, que veio dos Estados Unidos, os debates, além de reunirem diversos setores, ajudam o produtor a não tomar decisões equivocadas no campo.

Logística

Por fim, no aspecto logístico o desafio é diversificar investimentos. O gerente do setor de transporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes), Nelson Tucci, mostrou que só no Brasil deveriam ser investidos de R$ 100 bilhões por ano em projetos logísticos, mas o desembolso efetivo não chega a 10% desse total.

Na prática, todos os projetos voltados à estrutura para escoamento da safra no Brasil têm saído do papel pela iniciativa privada.

Próxima edição

Terceiro Fórum da América do Sul já tem data marcada

Com a proposta de consolidar um espaço para discussão do agronegócio global pela ótica sul-americana, o Fórum de Agricultura da América do Sul já tem data marcada para a terceira edição: 10 e 11 de setembro de 2015. Criado pelo Agronegócio Gazeta do Povo o evento passa a ser promovido no próximo ano em parceria com a AGR Brasil, um braço da consultoria AgResource, sediada em Chicago, nos Estados Unidos. O foco é ampliar a representatividade dos países nas discussões de preços e mercado, ainda concentradas nos grandes players internacionais, aponta Giovani Ferreira, coordenador do Agronegócio Gazeta do Povo. “Atualmente a referência para o preço das commodities agrícolas ainda é a Bolsa de Chicago. Com esse debate queremos participar de forma cada vez mais ativa dessa definição”, pontua.

O primeiro encontro, realizado em 2013, iniciou os debates sobre o aumento da produção agrícola mundial e os reflexos disso na demanda e nas cotações das commodities. Na segunda edição, realizada na semana passada, o foco em inovação e sustentabilidade permitiu apontar caminhos para um crescimento do setor no médio e longo prazo.

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