Dos quatro maiores produtores e exportadores de grãos do mundo, três ficam na América do Sul: Argentina, Paraguai e Brasil. Juntos, os três países produzem 170 milhões de toneladas de soja, metade do que é produzido no mundo. O Brasil puxa a fila, com uma produção de 118 milhões na última temporada.
No painel Grãos: década de protagonismo e liderança na América do Sul, que aconteceu no 6º Fórum de Agricultura, o diretor de Commodities INTL FCStone, Glauco Monte, disse que o agronegócio é a maior locomotiva do país. Sozinho, o setor representa 23% do PIB e 44% das exportações. “Nos próximos 50 anos, o mundo vai demandar a mesma quantidade de alimentos dos últimos 2 mil anos. E isso é uma excelente notícia. Só o nosso país tem área e capacidade para atender essa demanda”, diz.
Embora a empresa FCStone não tenha divulgado os números oficiais para a safra 2018/19, Monte acredita que o Brasil vai aumentar a área dedicada a oleaginosa e recuperar a área de milho. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos projeta um crescimento de 5% na área de soja no Brasil, não sei se vamos chegar a tanto, mas vamos crescer”, acredita.
Monte se preocupa com a extrema dependência do mercado chinês. “Atualmente, 75% da soja exportada do Brasil tem como destino a China. O mercado chinês está e vai continuar aquecido, mas isso cria uma independência muito grande. O Brasil tem outras alternativas para expandir a produção, aumentando o consumo interno, por exemplo”.
Para 2030, o diretor de Commodities aposta num crescimento de 19% na produção de soja (150 milhões de toneladas) e 38% (135 mi de t) na produção brasileira de milho. “Mas com a economia e a demanda crescendo neste ritmo, acredito que o Brasil vai atingir esse volume antes. Temos total capacidade. Área não falta. Temos alguns desafios, como logística, tributação, equilibrar melhor produção, mercado interno com exportação”.
Argentina e Paraguai
Gonzalo Hermida, coordenador de projeções da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, diz que o país também cresceu na última década, atingindo o pico em área na temporada 16/17 (33 milhões de hectares). No entanto, ele lamentou o desempenho argentino na última safra. O país perdeu 20 milhões de toneladas de soja para o clima. “Por causa da seca e estiagem, a Argentina colheu apenas 30 milhões de toneladas de soja”.
A Bolsa de Cereais de Buenos Aires ainda não tem uma estimativa para safra de verão deste ano. No entanto, será um ano de recuperação. “Será um crescimento tímido, principalmente na soja. O milho e trigo terão mais espaço. Os produtores estão receosos com o clima e com a economia”, explica Hermida.
Gerente de marketing da Agrotec, no Paraguai, Sidinei Neuhaus, diz que o Paraguai está muito bem no campo e tem muito potencial para crescer. “O Paraguai tem um crescimento médio acima do restante da América do Sul. Atualmente, 18% do PIB vem dos grãos, 5% da pecuária e 1% da silvicultura”, conta.
No ciclo passado, o país produziu 10,5 milhões de toneladas. A produção paraguaia de soja aumentou 43% na última década. A de milho aumentou 60%, mesmo com queda de área. “Para os próximos dez anos, o Paraguai, se manter o mesmo ritmo de crescimento, pode crescer entre 20% e 44% na produção de soja e milho. Entre 12 milhões e 14 milhões de toneladas de soja. Isso representaria um crescimento de 8% no PIB do país”.