A oferta de crédito para o agronegócio brasileira deve ter participação cada vez maior do setor privado, seja pelas instituições financeiras – como bancos e cooperativas de crédito –, Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) e o crédito comercial oferecido por tradings e empresas privadas. A avaliação é de Pedro Loyola, da Comissão Nacional de Política Agrícola da CNA.
De acordo com Loyola, o governo, aos poucos, vai abandonando o crédito rural. “O gasto será cada vez mais racional”. O subsídio estatal para safra deste ano é de 194,3 bilhões. Segundo Loyola, o teto de gastos públicos será um desafio para o setor, que vai investir cada vez menos. “O produtor precisa encontrar outras maneiras para subsidiar a produção”, diz. Dependendo do tamanho do produtor, a taxa de juros está entre 6% e 7%, acima da taxa Selic. “Mas existem os custos com o cartório, pagamento de assistência técnica e honorários com projetos. Quando começa a somar, este custo ultrapassa 15%”, afirma.
No caso do seguro rural, a situação é ainda mais complicada, diz Loyola, que também é economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP). Atualmente, apenas 2% do subsídio (R$ 380 milhões) é destinado ao benefício. “Um estudo do Banco Mundial afirma que 1% do PIB agrícola é perdido para eventos climáticos. No Paraná, por exemplo, há problema com milho safrinha e com o trigo. Atualmente, apenas 15% das propriedades estão cobertas, número muito abaixo de outros países”.
Entre os entraves, diz o economista, estão a burocracia, os juros, as vendas casadas. “É preciso envolver mais os agentes privados. Garantir subsídios para os pequenos produtores, que muitas vezes não tem acesso ao benefício por falta de garantia. É preciso garantir o investimento em tecnologia, 68% dos gastos do produtor são com recursos de tecnologia, indispensáveis para o crescimento do setor. O Brasil não pode ficar para trás neste segmento. Estado precisa ter uma política agrícola que melhore a competitividade do agronegócio”, explica.
Sustentabilidade
Paul Procee, diretor para infraestrutura do Banco Mundial no Brasil, afirma que os investimentos em projetos agrícolas serão cada vez mais criteriosos em relação a sustentabilidade. “Através do investimento em busca da produtividade e de novas tecnologias, você consegue criar um novo ecossistema de crescimento na produção. Brasil ainda está no berço do investimento tecnológico e precisa aumentar essa busca. Temos que criar mecanismos para criar linhas de financiamento para alinhas as políticas dentro da União. Criar programas regionais com sistemas claros de monitoramento para pequenos produtores”, afirma.
Procee exemplifica que pecuária é ineficiente no país. “Muitas áreas degradas poderiam ser utilizadas para soja. Sem a necessidade de desmatar para plantar. Isso é sustentável. Os investidores, o dinheiro do contribuinte, precisa ser muito bem investido. Não temos mais espaços para projetos que não levem a preservação do meio-ambiente em consideração”.
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