O “Campo Digital e Conectado” foi tema do terceiro painel do 6º Fórum de Agricultura da América do Sul, que reuniu os palestrantes Alex Comninos, consultor da Founders Inteligence, Marta Cristina Marjotta-Maistro, professora da UFSCAR, e Sérgio Milani, da Copel Telecom.
Milani falou sobre as iniciativas da empresa, que hoje tem cerca de 2,3 mil clientes conectados, no setor de tecnologia e comunicações para fomentar a conectividade dos produtores rurais, inclusive no âmbito das cooperativas.
“A ideia é pensar soluções que podemos trazer ao produtor informações sobre as condições da lavoura ou da criação”, falou Milani, aproveitando para isso tecnologias robóticas, de software e de fluxo de dados. Ele destacou por exemplo o blockchain, uma tecnologia capaz de fazer a completa rastreabilidade de um produto de origem agro, desde a alimentação do animal que o gerou, por exemplo, até chegar ao consumidor final.
O consultor britânico Alex Comninos, por sua vez, falou sobre o conceito de inovação aberta e sobre as startups. Para ele, a evolução do mercado de agribusiness virá a partir dessas empresas inovadoras. “O futuro do agronegócio está nas startups”, cravou.
Ele apresentou dados de como as startups ajudam criar soluções para o campo em países onde esse ambiente de desenvolvimento está mais evoluído, como nos Estados Unidos. No Brasil, Comninos disse que o país ainda está engatinhando nesse sentido, mas tem muito potencial pelo tamanho de sua produção.
Para isso, os produtores rurais – inclusive grandes organizações - precisam aprender a trabalhar com as startups, que necessitam de um ambiente estruturado, que capte o valor de negócio das inovações. Ao mesmo tempo há muitas iniciativas surgindo, mas há pouca gestão dos dados.
Desafios
Marta Cristina, da UFSCAR, apresentou três desafios para implementar um ambiente colaborativo com startups: a sustentabilidade dos negócios; adaptar-se à demanda; e desenvolver os gestores.
Ela observou que uma agritech traz tecnologia para o campo para resolver problemas de tecnologia e inovação. “Mas tem de ser um modelo de negócios escalonável e que se sujeite a se adaptar a riscos”. Segundo Marta, um startup precisa se diferenciar e surpreender seus clientes.
Outra dificuldade a ser enfrentada pelas empresas de inovação é lidar com a diversidade e heterogeneidade do mercado agro brasileiro, que vai da produção de grãos em larga escala voltados à exportação ao mercado doméstico de frutas e hortaliças. “Temos ainda diferentes estruturas de produtores, com pequenos, médios e grandes”, pontua.
Em relação a gestão dessa tecnologia, ela disse que o país tem grande potencial para o desenvolvimento de novos gestores, que dominam a linguagem das startups e tudo o que envolve esse ambiente. “O futuro é para profissionais que têm uma visão multidisciplinar”, destacou.
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