A terceira palestra do dia debateu o tema “Bioenergia: Ativo rentável e renovável do agronegócio”. O Diretor de Pesquisas em Commodities e Desenvolvimento de Produtos do CME Group, David Lehman, trouxe o panorama da produção de etanol nos Estados Unidos e afirmou que o aumento dos preços dos alimentos não é causado pelo uso de milho para produção de biocombustíveis. “45% do milho produzido nos EUA vai para etanol”, completa.
De 1980 a 2000, os norte-americanos produziram pouco mais de 2 bilhões de galões de etanol por ano. A partir de 2000, no entanto, houve crescimento mais acelerado que atingiu 16 bilhões de galões em 2015. (Um galão tem quatro litros de etanol). Segundo Lehman, o resultado se deve a uma política extremamente eficiente de uso de energia renovável. “Para este ano a expectativa é atingir 17, 4 bilhões de galões”, reitera. Tanto é que a partir de 2010, segundo o especialista, os EUA passou a ser um dos grandes exportadores mundiais de etanol. O Canadá é responsável por 30% das exportações norte-americanas e o Brasil responde por 15%.
Perspectivas
Para o gerente de pesquisa do Rabobank, Andy Duff, hoje o setor sucroalcooleiro está em recuperação, mas sem perspectiva para expansão expressiva. Para os próximos 15 anos, o especialista afirma que a produção de etanol no Brasil sairá de 30 bilhões de litros em 2015 para 54 bilhões em 2030. “No Acordo de Paris feito no final de 2015, o Brasil se comprometeu com metas ambiciosas para a redução de emissões de gases do efeito estufa. Mas com a previsão do crescimento da frota brasileira de 40 milhões para 70 milhões de carros, fica o desafio. Serão necessários quase 50 bilhões de litros em 2030 para atender essa demanda de carros”, explica Duff.
Para isso, o Brasil deve passar a produzir de 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar em 2015 para 1 bilhão de toneladas em 2030. “Isso representa um aumento de 50%. Não parece ser algo tão difícil dado o que foi feito pelo Brasil nos últimos 15 anos. Mas o setor não está preparado para fazer os novos investimentos necessários para atingir a meta”, afirma o gerente de pesquisa.
Com a experiência da produção de energia renovável da Itaipu Binacional, o Assessor de Energias Renováveis da empresa, Herlon Goerzel de Almeida, afirma que não há mais espaço para processos produtivos e de desenvolvimento sem adequação e alinhamento à sustentabilidade. “Isto querer realinhamento ou reposicionamento geral na agricultura brasileira e sul-americana. O caminho é a busca da sustentabilidade, um equilíbrio entre o social, ambiental e o econômico”, reitera Almeida.
Um dos grandes projetos que está sendo desenvolvido pela Itaipu na agricultura é a geração de biogás e bioetano para geração de energia elétrica e ajudar na redução de custos e estabilizar as redes elétricas rurais, além da energia térmica para substituição à lenha e como combustível para mobilidade.
“O setor sucroalcooleiro teve desafios muito grandes nos últimos 15 anos. Se a gente quer se manter como referência na geração de combustíveis renováveis e sermos eficientes, precisamos tomar medidas agora”, finaliza Duff,
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