| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O calcanhar de Aquiles da produção agropecuária brasileira com certeza é a infraestrutura de logística. No painel “Logística: A América Multimodal em busca da competitividade”, três especialistas do setor trouxeram para o público os desafios da logística no Brasil e também nos demais países da América do Sul.

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De acordo com o Diretor de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, Thadeu Silva, há 10 anos o Brasil exportava 28 milhões de toneladas (soja e milho). Atualmente, esse volume é de pouco mais de 80 milhões de toneladas e para os próximos 10 anos a expectativa é que o país exporte 160 milhões de toneladas de grãos. “A logística conseguiu suprir essa expansão até o momento, mas será que estamos preparados para o que vai acontecer nos próximos 10 anos?”, questiona Silva.

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Utilizando apenas 9% das hidrovias para escoamento da produção de grãos, 26% através de ferrovias e com 65% da produção agropecuária sendo transportada por meio de rodovias, o presidente do Terminal de Grãos do Porto de Itaqui (Tegram), Luiz Claudio Santos, trouxe a experiência dos portos do Norte e mostrou a importância de se investir em uma melhor logística nacional. “Nós precisamos de investimento em infraestrutura em torno de R$ 608 bilhões, incluindo rodovias, ferrovias, hidrovias e portos. Se continuarmos no ritmo de investimento atual, vamos precisar de 50 anos para adequar nosso sistema logístico”, afirma Santos.

Inaugurado em 2015, o Tegram já exportou 3,3 milhões de toneladas, beneficiando as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. O escoamento ficou mais rápido, eficiente e com custo reduzido. “Nosso objetivo é aumentar a capacidade para mais de 10 milhões de toneladas anuais. Isso pode beneficiar os portos do Sul e Sudeste, desafogando o sistema”, explica.

Para o Diretor-Presidente do Porto de Paranaguá, Luiz Henrique Dividino, os problemas logísticos do Brasil são antigos. “Somos competitivos dentro da porteira, mas temos que ser competitivos no destino”, afirma Dividino. Segundo ele, em Paranaguá, por exemplo, com investimentos públicos e privados foi possível tornar o porto muito mais eficiente. Em 27 meses, o Porto de Paranaguá bateu 18 recordes de exportação.

Panamá

A analista comercial do Terminal Internacional de Manzanillo, no Panamá, Larissa Barrios, mostrou detalhes do novo Canal do Panamá que permite o trânsito de navios com o dobro da capacidade e abre rotas ao mercado transoceânico. “Inaugurado em junho deste ano, o novo canal vai receber navios de 366 metros de comprimento e 49 metros de largura. Além disso, é possível receber embarcações com até 150 mil toneladas de carga”, explica Larissa.

Com a ampliação, estima-se um tráfego de 600 milhões de toneladas em mercadorias/ano e promete desenvolver a região do Arco-Norte, permitindo a exportação por meio dos portos do Norte e Nordeste do Brasil. “Em um primeiro momento, muda pouco para o Brasil, No entanto, acredito que com a rota consolidada ,vamos nos beneficiar da sinergia do Canal do Panamá com os portos do Arco Norte [Amazonas, Amapá, Pará e Maranhão] para acessarmos mercados asiáticos e até mesmo europeus”, diz o gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Safra, Giovani Ferreira.

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