O cenário atual, com preços das principais commodities agrícolas baixos em relação aos praticados em 2012, deve permanecer no custo/médio prazo. A avaliação foi feita pelo sócio-diretor da AGR Brasil, Pedro Djneka, durante o painel “Soja e Milho — Oferta supera demanda e redesenha mercado de grãos”, na manhã desta sexta-feira, último dia do 2.° Fórum de Agricultura da América do Sul.
Para o executivo, o aumento da produção acima da demanda fez crescer os estoques mundiais acima dos patamares nunca vistos na história. No caso dos Estados Unidos, os estoques de soja, por exemplo, são os maiores dos últimos 25 anos. Hoje com 60 milhões de toneladas, deve subir para 90 mi/ton nesta temporada, praticamente o incremento da “produção de um estado como o Mato Grosso.”
“Esta nova fase [de preços] poderá ter duração maior do que muitos esperam. O mercado irá dar um recado de que o produto não pode continuar expandindo da forma que aconteceu nas últimas temporadas. É preciso procurar a sustentabilidade do negócio”, destacou Djneka.
De acordo com dados da Expedição Safra Gazeta do Povo, entre as safras 2005/06 e 2012/13, a demanda pelas commodities agrícolas cresceu 2,43% diante dos 2,18% da produção. Na safra passada ocorreu a inversão, quando o consumo aumentou 4% e a produção mundial. A estimativa é um cenário semelhante na safra 2014/15, com crescimento de 7,4% na produção e de 4,9% no consumo.
“Temos um quadro preocupante em relação aos preços. Se o produto não se adaptar, poderemos ter um quadro grave”, ponderou o sócio-diretor da AGR Brasil.
Diferenciais
Apesar da previsão, alguns fatores podem influenciar na tomada de preços das commodities na Bolsa de Chicago. Problemas climáticos poderiam interferir na tomadas das cotações, assim como a elevação do consumo pela China, maior comprador mundial de soja.
“Clima e China são os fatores que podem encurtar o ciclo de preços menores. Mas para isso, é preciso ocorrer problemas climáticos”, disse Djeneka.
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