Nem sempre maior oferta significa menor preço - pelo menos no que se refere à logística. O custo do transporte das montanhas de milho espalhadas pelos principais estados produtores está aumentando e passou de R$ 82,50 para R$ 135 por tonelada, na rota entre Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, no curto prazo de seis semanas (entre junho e agosto), segundo levantamento da consultoria INTL FCStone.
“Além da grande oferta de milho, que aumenta a demanda por logística, ainda há volumes consideráveis de soja para serem movimentados, inclusive para serem exportados, aumentando ainda mais a procura por contratação de frete”, explica a analista de mercado da consultoria, Ana Luiza Lodi.
Como resultado, a rota entre a cidade de Balsas e porto de Itaqui, ambos no Maranhão, também registra valores mais elevados que em 2016.
Supersafra e aumento do combustível
Apesar de embarques recordes de milho registrados em julho, os especialistas estão em dúvida sobre o nível que será alcançado pelas exportações nos próximos meses. Uma alternativa é aproveitar a demanda do México.
Contudo, o aumento do preço dos combustíveis, por exemplo, é um fator agravante. O aumento do PIS/Confins sobre o diesel pode resultar em alta de 4% no preço do frete, conforme estimativas da Agência Nacional de Transporte de Cargas (ANTC).
“Esse encarecimento do frete traz preocupação quanto à competitividade do milho brasileiro, num momento em que o câmbio já não está tão favorável”, avalia Luiza Lodi.
Outro produto que sofre com a questão do transporte é a soja. Com fortes volumes e expectativa de safra superior a 113,9 milhões de toneladas colhidas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a logística mais cara pode prejudicar a competitividade do produto brasileiro, que compete diretamente com a safra dos Estados Unidos, que começa nova colheita em setembro.
Montanhas de milho a céu aberto levam cooperativa a importar sistema
Leia a matéria completaDe volta para o Sul
A situação é bem diferente da do ano passado. Em 2016, com menor oferta de grãos e, principalmente, com quebra da segunda safra de milho, os portos do chamado Arco Norte, informa a FC Stone. Agora, com a supersafra, as rotas de escoamento pelos grandes portos do Sul e Sudeste do Brasil voltaram a ser mais utilizadas.
A movimentação no corredor de exportação do Porto de Paranaguá, por exemplo, aumentou 129% em julho, em comparação ao mesmo período do ano passado. Em 2016, foram exportadas 801.071 toneladas de produtos agrícolas, como soja, milho e trigo. Neste ano, foram 1,8 milhão de toneladas – o melhor resultado para o mês de julho de todos os tempos no Porto de Paranaguá, que vem recebendo investimentos para dar conta da demanda.
Os desafios de geopolítica para escoamento das safras brasileiras é um dos temas do 5º Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo Núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo e que acontece dias 24 e 25 de agosto no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Clique AQUI para se inscrever.
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