A combinação de ganhos financeiros e aproveitamento de subprodutos de outras cadeias produtivas trazem novamente a tona a produção de bioenergia como uma opção viável no campo. Produtos como o biodiesel e o biogás ganham importância para driblar a alta no custo da energia elétrica, ao mesmo tempo em que abrem uma nova janela de oportunidade para a comercialização de produtos com maior valor agregado, mostrou a conferência “O custo e a economia da energia renovável”, na reta final dos debates do 3° Fórum de Agricultura da América do Sul, promovido pelo núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo.
O representante da EnergiCiti, Maurício Pellegrini, citou o exemplo do Paraná -- que acumula sucessivas altas nos custos da energia elétrica em 2015 -- para defender a busca por novas opções. “Essa alta dos custos pode ser convertida em oportunidade para se buscar fontes energéticas alternativas”, defendeu. Enquanto o valor da energia é de R$ 1426,73 por megawatt/hora adquirido nas distribuidoras, a aquisição da produção de uma pequena central hidrelétrica (PCH) sai por R$ 204/MWh. Se a matéria-prima for o bagaço da cana-de-açúcar, o custo é de R$ 210,73/MWh, enquanto a produção feita pela casca de arroz é de R$ 212/MWh. “Isso também é benéfico para produções que precisam de energia 100% do tempo, como aviários e secadores de grãos”, apontou.
Produtos já consolidados, como o biodiesel, também se fortalecem nesse contexto, destacou Júlio, da Aprobio. A produção do combustível permite o aproveitamento de matérias-primas que seriam descartadas, como o óleo de cozinha e descartes das indústrias de carnes. “Graças ao biodiesel o déficit brasileiro com importações de diesel não foi maior”, frisou. “Além disso, há um efeito econômico amplo, pois a área de suprimento da indústria atrai demanda ao redor das usinas, gerando demanda junto as unidades de recebimento e armazenamento de grãos na região”, destacou.
Além de soluções consolidadas, há investimento e pesquisas constantes em busca de novas opções, como o etanol e a biomassa a base de sorgo, mostrou o vice-presidente da Nexsteppe, Ricardo Blandy. “ O sorgo tem a vantagem de favorecer a rotação de culturas, ser tolerante a seca, possuir uma ampla variabilidade genética e um ciclo de produção de aproximadamente 4 meses”, salientou.
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