A agricultura familiar alcança produção em escala no Paraná. Além da safra de soja, milho e trigo, a pecuária cresce com foco na exportação. Essa relação aparentemente contraditória –entre pequenas áreas e safras volumosas – será investigada nesta semana pela Expedição Agricultura Familiar, projeto do Agronegócio Gazeta do Povo, em roteiro de 2 mil quilômetros que vai abordar cadeias produtivas de grãos, carnes, leite, além de alternativas como florestas comerciais e frutas de caroço.
Na terceira semana de estrada – depois de percorrerem Rio Grande do Sul e Santa Catarina –, técnicos e jornalistas visitam municípios paraenses das regiões Centro-Sul, Sudoeste, Oeste e Centro-Oeste. A sondagem permite retratar o desenvolvimento tanto da produção isolada quanto das cadeias comandadas por cooperativas.
Lançamento
Enquanto uma equipe percorre o Paraná, outra promove seminário sobre Tendências da Agricultura Familiar no Século 21 em Porto Alegre, nesta quarta-feira (7) – às 15 horas, no Centro Administrativo do Sicredi. Na ocasião, ocorre também o lançamento nacional do projeto, que segue com viagens até o final de outubro por Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Bahia.
Além de reportagens e apontamentos técnicos, o trabalho da Expedição vai resultar em um documentário e embasar discussões sobre o tema. O projeto leva conteúdo ao Fórum da Agricultura da América do Sul, outro projeto do Agronegócio Gazeta do Povo, confirmado para os dias 12 e 13 de novembro, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba.
Volume
A necessidade de se produzir em escala para ganho de viabilidade afasta a agricultura familiar de opções como a soja, que é o principal produto do setor mas raramente ganha espaço nas áreas menores. Lotes de menos de 20 hectares normalmente só recebem soja quando arrendados por produtores maiores.
Porém, propriedades pouco maiores continuam sendo largamente usadas no cultivo da commodity, mesmo em unidades onde a primeira fonte de renda é a criação de frangos ou de tilápia. Empresas como a Coamo, que arrecada R$ 8,7 bilhões ao ano, tem na soja sua principal fonte de renda. Os 27,4 mil cooperados entregam à empresa mais de 4 milhões de toneladas de soja ao ano.
A produção conjunta de milhares de famílias continua sendo decisiva para que o Paraná se mantenha como segundo maior produtor de soja, com perto de 18 milhões de toneladas (19%). E mesmo em culturas alternativas a necessidade de ganho de volume impera, impondo limites à própria diversificação. A Expedição vai mostrar como as cadeias produtivas se articulam e sua importância para as economias regionais e o país.