Com meta de fechar 2014 crescendo entre 3% e 5%, a avicultura nacional dribla o ritmo fraco da economia brasileira e reforça investimentos para manter o fôlego no longo prazo. O setor aposta em ganho de escala na produção e garantias sanitárias para ampliar a participação nos mercados interno e externo, num movimento que tende a impactar diretamente estados líderes na produção como Paraná e Santa Catarina. A análise parte da própria indústria e foi confirmada no encerramento dos trabalhos da Expedição Avicultura 2014, ontem, em Curitiba.
Promovida pelo núcleo de Agronegócio da Gazeta do Povo, a expedição percorreu mais de 5,6 mil quilômetros de estrada pelos dois estados e comprovou que, mesmo respondendo por apenas 30% do consumo da indústria, a exportação é tema constante na agenda do setor. Conforme o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná, (Sindiavipar), Domingos Martins, a forte presença externa do Brasil tem sido um dos fatores para o êxito do setor neste ano – o país é líder nas exportações globais. “Temos qualidade, quantidade e preço, o que nos garante uma imensa vantagem no comércio internacional”, diz.
Exportação
Nesse cenário não há pessimismo sobre a possibilidade de superar o resultado dos embarques em relação a 2013. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontam que entre janeiro e outubro de 2014 foram exportadas 3,2 milhões de toneladas de carne de frango, com um faturamento superior a US$ 6,2 bilhões. Faltando dois meses para o fim do ano o número está próximo do consolidado no ano passado, quando foram vendidas 3,7 milhões de toneladas da proteína, gerando receita de US$7,5 bilhões.
Embalada pelo resultado favorável, a indústria pretende investir para continuar crescendo no mercado externo. “Queremos estar preparados do ponto de vista da tecnologia, sanidade e oferta para as oportunidades de mercado que o mundo ainda oferece”, define o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara. Conforme apontou o coordenador da Expedição, Giovani Ferreira, o Brasil ainda registra vendas pouco expressivas para seis dos dez maiores consumidores da proteína em todo o mundo, em mais um indicativo do potencial para o longo prazo.
Senac no frango
Para ampliar a produção, a avicultura pretende explorar também mercados já consolidados, como o de Curitiba. O almoço de encerramento da Expedição Avicultura mostrou que ainda há como estimular o consumo da carne branca na capital. A Escola Senac – que tradicionalmente realiza semanas dedicadas à tilápia, ao suíno e até a carne de cabrito – envolveu pela primeira vez seus alunos na elaboração de um cardápio à base de frango.
Filé recheado, coxa assada e peito empanado, além de fricassê, rondele e salada com cubos e fios do alimento, provaram a variedade de pratos da culinária brasileira capazes de estimular a produção avícola. Os alunos do Senac tomaram conta da cozinha e do restaurante da Federação do Comércio do Paraná, numa experiência que devem levar para suas carreiras, afirmou chefe e instrutor Lúcio Marcelo Chrestenzen.
Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), Darci Piana, a prática ajuda a aproximar o campo e a cidade. "Já fizemos 22 festivais de gastronomia trazendo chefs do mundo todo promover e estimular o melhor proveito da produção do campo”, revela. O gestor avalia que o ganho também é econômico, já que há benefícios para toda a cadeia produtiva. "Toda a produção do campo passa pelo comércio, então nosso interesse é que a pecuária vá bem pois isso reflete no nosso negócio", aponta. Com cortes e produtos mais elaborados o produto também ganha valor e pode sustentar um aumento na demanda, complementa.