A consolidação do Brasil como o segundo maior produtor global de carne de frango em 2015 (13,1 milhões de toneladas, atrás apenas dos Estados Unidos) gera benefícios que vão além do saldo positivo na balança comercial. Com um modelo de produção que amplia o rendimento das granjas sem afetar a qualidade das aves, a cadeia produtiva consegue aumentar a eficiência sem exigir grandes extensões de terra. Como resultado, a atividade impulsiona economias regionais e garante renda a pequenas propriedades rurais que estavam fadadas à extinção.
“A avicultura é o setor que efetivamente promove a distribuição de renda. Uma granja produz muito mais riqueza em um ano do que dez hectares de soja”, argumenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. O quadro se torna evidente nos principais polos de produção do Sul do país, percorridos em roteiro de 5 mil quilômetros pela Expedição Avicultura 2015.
Com mecanismos que controlam constantemente a temperatura e a nutrição das aves, um frango consegue ganhar até 70 gramas de peso diariamente, atingindo o peso ideal em menos de 45 dias. O ciclo rápido favorece o fluxo de caixa das propriedades rurais e suaviza investimentos de peso nas granjas, que muitas vezes passam de R$ 1 milhão. “O sistema de integração é o Brasil que deu certo. Ele precisa sempre ser revalidado, passar por ajustes, mas funciona positivamente para a indústria e o produtor”, exalta o diretor de agropecuária da BRF, Fabricio Delgado.
Esse é o caso da família Nicola, de Nova Esperança (Noroeste do Paraná), que tira o sustento a partir das aves em apenas 16 hectares. “O frango exige pouca terra disponível e com a facilidade de acesso ao financiamento o investimento se paga”, argumenta Mauro, patriarca da família.
O modelo também garante a sucessão rural. Após morar 6 anos na cidade, Moisés Ballarini decidiu voltar a propriedade da família em Vespasiano Corrêa (Centro do RS). Ele assumiu o financiamento de dois aviários (R$ 1,7 milhão). “A agricultura não geraria o mesmo retorno, e o trabalho também não é tão pesado quanto na lavoura”, compara.
Mesmo concentrando apenas um terço da demanda, a expansão da atividade tem ligação íntima a com atenção o mercado externo. É o caso do Paraná, que lidera o abate nacional (32% de participação) e busca atingir 50% de participação em menos de uma década, conforme Martins. Até 2021 o frango deverá se tornar a carne mais consumida no mundo.
O ganho de mercado é calçado por foco intensivo em sanidade. “É até admissível perder um pouco em produtividade em prol da sanidade, pois sem ela a cadeia produtiva inteira arrebenta. O mundo espera isso de nós”, pontua o gerente do departamento avícola da C.Vale, de Palotina (Oeste), Maykon Buttini.