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A receita dos gaúchos que driblaram a crise

Cooperativa Languiru, de Teutônia: modelo d e negócios reestruturado antes da crise | Gérson Klaina/Gazeta do Povo
Cooperativa Languiru, de Teutônia: modelo d e negócios reestruturado antes da crise (Foto: Gérson Klaina/Gazeta do Povo)

O que fazer quando o principal insumo para criar frangos bate na casa dos R$ 60 a saca, deixando produtores e agroindústrias desesperados? Olhando pelo retrovisor, a crise do milho em 2016, além de provocar insolvências, fechamento de aviários e demissões em massa, também revelou a força das cooperativas para proteger seus associados nos momentos mais difíceis.

A Cooperativa Languiru, localizada em Teutônia, no Rio Grande do Sul, anteviu em seu planejamento estratégico, um ano antes, que a coisa ficaria feia em 2016. E resolveu reestruturar todo o modelo de negócios. “Nós tínhamos um mix de cerca 500 produtos oriundos de quatro plantas. Reduzimos para 230, com base nas margens e nos volumes. Com isso conseguimos aliviar nossa folha de pagamento e focar naquilo que realmente trazia resultado”, diz Dirceu Bayer, presidente da Languiru.

A cooperativa, que conta com 6 mil associados, 350 só produzindo frango, também apostou na produtividade. “Nós remuneramos melhor pela eficiência das granjas. E deixamos de trabalhar com produtores desqualificados”, revela Bayer. “O nosso associado, em todo o período, não sofreu o impacto da crise. Não deixamos isso acontecer. Ela chegou à cooperativa, repercutiu muito aqui, mas não deixamos que fosse para o campo. Os lotes com as aves chegaram normalmente. E nós remuneramos nossos associados com 10% e 15% a mais que outros players do mercado”.

A credibilidade acumulada ao longo de 62 anos de existência da cooperativa também foi decisiva para não deixar secar a torneira dos agentes financeiros, no auge da crise econômica. Resultado: remando contra a maré, a Languiru cresceu 12% em 2016. A avicultura, carro-chefe da cooperativa, mesmo com o preço do milho nas alturas, respondeu por 27% do faturamento de R$ 1,260 bilhão.

A aposta estratégica correta, lá atrás, continua gerando resultados animadores. Somente no primeiro semestre deste ano a cooperativa teve um retorno R$ 25 milhões maior do que no mesmo período de 2016. “E o segundo semestre costuma ser melhor que o primeiro. Isso nos deixa muito animados”, celebra Bayer.

Mercado e futuro

Segundo o presidente da Languiru, para os próximos anos o plano é dobrar o abate diário, passando de 130 mil para 260 mil aves por dia. “Além do grão, que caiu consideravelmente e não vai mudar de patamar tão cedo, nós tínhamos em mente que o mercado ficaria ocioso com a queda na produção, com o fechamento de algumas empresas, e que alguém precisaria ocupar o espaço. Nós estamos fazendo isso”.

Gerente industrial da cooperativa, Fabiano Leonhardt conta que 40% da produção são atualmente exportados para 40 países, principalmente da Ásia. O restante está concentrado no Rio Grande do Sul. “Notamos uma recuperação lenta da economia. Por enquanto, os bons resultados da indústria se devem mais à queda no custo de produção do que à demanda, que continua desaquecida. Mas a expectativa é de retomada e, por consequência, de crescimento no consumo de proteína. O setor de carnes está otimista”, afirma.

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