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Expedição Avicultura

Avicultura catarinense quer voar mais alto

Presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), o engenheiro agrônomo José Antônio Ribas Júnior, atua há mais de duas décadas no mercado de aves. | Albari Rosa/gazeta do povo
Presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), o engenheiro agrônomo José Antônio Ribas Júnior, atua há mais de duas décadas no mercado de aves. (Foto: Albari Rosa/gazeta do povo)

Segundo colocado no ranking de produção e exportação de aves do Brasil, Santa Catarina tem uma cadeia muito bem estruturada. São 10 mil avicultores, 100 mil empregos diretos e 1,3 bilhão de cabeças abatidas no ano passado. Mesmo assim, o setor enfrenta desafios – entre eles, problemas com infraestrutura, elevada carga tributária e a dependência do grão produzido em outros estados. Santa Catarina consome 6 milhões de toneladas de milho por ano, metade do volume vem de fora.

Segundo o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (Acav), o engenheiro agrônomo José Antônio Ribas Júnior, que atua há mais de duas décadas no mercado de aves, o setor enfrenta problemas conjunturais (crise política e econômica, custo de produção e Carne Fraca) e estruturais (tributação e falta de infraestrutura logística). “Nós tínhamos uma expectativa de que teríamos um ano de recuperação, já que tivemos um 2016 efetivamente desafiador. Por enquanto, a única notícia boa foi a queda no preço dos insumos”, diz.

Três meses após o furacão provocado pela operação Carne Fraca, da Polícia Federal, Ribas conta que a indústria ainda sofre com os reflexos. “Passado aquele momento mais crítico, com o fechamento dos mercados, a agroindústria sofre agora com um excessivo rigor do Serviço de Inspeção Federal, que na dúvida, está parando o processo. Isso impacta diretamente na capacidade e nos volumes de produção. Quando surge a dúvida, ao invés de sentar, discutir e melhorar, os processos são parados. E isso aumenta os custos”, explica. Além disso, as inspeções mais rigorosas dos países importadores também elevam os prejuízos. “Antes eram 5 análises por contêiner, agora são 25. E as análises não são rápidas. Isso atrasa a entrega e acarreta em mais gastos”, complementa.

As exportações, segundo o presidente, estão bem. No entanto, a alta volatilidade do câmbio não é o melhor dos cenários. “As margens de exportação ainda não foram recuperadas. Pior que um dólar baixo, é um oscilante. Se fosse uma cotação estável, a indústria se ajusta. Mas agora vivemos um momento em que compramos insumos com uma cotação mais alta e vendemos o produto por uma cotação mais baixa”, revela.

Na opinião de Ribas, o mercado deve melhorar no segundo semestre deste ano. “A economia não aguenta mais a estagnação. E temos indicadores de que a situação vai melhorar. A recuperação pode não ser rápida, como queríamos, mas dá sinais de que é consistente. E a avicultura vai voltar a crescer”.

Passado os problemas conjunturais, segundo Ribas, será necessário vencer outros obstáculos mais importantes. “Temos uma cadeia logística muito ineficiente. Santa Catarina não tem ferrovia. As nossas rodovias estão em péssimo estado, tanto para receber grãos quanto para enviar a carne para outros estados. Essa cadeia logística ineficiente encarece o nosso produto em 7%, perdemos competitividade”.

A questão tributária também é outro ponto relevante para o presidente da Acav. “O fim da desoneração da folha de pagamento é um retrocesso. O setor é relevante demais para economia, produzimos renda, emprego. Gosto de afirmar que avicultura é o melhor programa social do país. Nós queremos pagar tributos sim, mas precisamos debater melhor à questão”.

Ribas lembra que o país sempre foi imbatível na questão custo de produção. E hoje o preço da proteína está totalmente ligado ao do insumo, se o milho sobe o frango também. “Países como Ucrânia, Polônia, que produzem grãos, tem uma vantagem logística muito grande. Por isso precisamos ser competitivos e pensarmos no longo prazo”. O presidente da Acav defende um diálogo mais amplo com o setor de produção de grãos. “Pagar R$ 60 na saca de milho é ruim, mas pagar R$ 15 também não é bom. Precisamos ter um equilíbrio para não desestimular o produtor de grãos e nem inviabilizar o trabalho da agroindústria”.

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