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Do frango se exporta tudo, menos o coraçãozinho

Para alcançar um quilo, é necessário abater entre 85 e 100 aves. Quantidade suficiente para encher apenas três espetos dos 20 servidos diariamente na churrascaria Tropilha, de Curitiba. | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Para alcançar um quilo, é necessário abater entre 85 e 100 aves. Quantidade suficiente para encher apenas três espetos dos 20 servidos diariamente na churrascaria Tropilha, de Curitiba. (Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo)

Brasileiro gosta tanto de coraçãozinho de frango que quase tudo o que se produz no país é consumido aqui mesmo, nos rodízios de restaurantes, nos espetinhos de rua, em farofas e no churrasco de final de semana com a família e os amigos.

“É o único item do frango que não conseguimos exportar, o mercado interno absorve tudo”, revela Rogério Gonçalves, gerente de vendas do frigorífico GTFoods, de Maringá, que coloca diariamente no mercado mais de 600 mil corações de frango.

O fato se repete na avícola Frangos Pioneiro, no município paranaense de Joaquim Távora. “Não tem demanda por este produto lá fora. Abatemos 185 mil frangos por dia e 100% dos coraçõezinhos ficam no mercado interno. É o nosso quarto item de maior valor agregado”, conta Paulo Ricardo Pereira da Silva, supervisor de Planejamento e Controle de Produção. A indústria do Norte Pioneiro do Paraná – maior estado produtor de frango no país - recebe missões de empresas do Japão, Hong Kong e Oriente Médio a cada quinze dias. “Eles nunca manifestaram interesse em comprar coração de frango”, constata Pereira da Silva.

Os miúdos que interessam aos importadores são outros. A Frangos Pioneiro vende toda moela que produz para o Japão, cortada em quatro partes e pronta para ser consumida como aperitivo. Do fígado, 30% seguem para mercado externo, outros 30% ficam no varejo nacional e 40% abastecem a indústria de rações para pequenos animais.

Em termos de valor agregado, o coraçãozinho de galinha não tem rival entre as miudezas. “Sempre foi, de todos os miúdos, o mais valorizado. Chega perto do final do ano, na época de festas, o preço do coraçãozinho dispara”, observa Domingos Martins, presidente do Sindicato das Indústrias Avícolas do Paraná. Atualmente o produto sai do abatedouro ao preço médio de R$ 10 a R$ 11 por quilo. Chega ao consumidor custando entre R$ 18 e R$ 20. A moela que vai para o Japão, por exemplo, é vendida pela indústria por R$ 7 o quilo, enquanto o fígado sai da linha de produção por R$ 2 o quilo.

Haja corações para atender o apetite do mercado interno. No ano passado as granjas brasileiras produziram 5,86 bilhões de corações de frango. Para alcançar um quilo, é necessário abater entre 85 e 100 aves. Quantidade suficiente para encher apenas três espetos dos 20 servidos diariamente na churrascaria Tropilha, no centro de Curitiba. Os corações são temperados com vinho branco, sal e salsinha. “Ah, no rodízio sai muito bem. O pessoal gosta de comer como petisco. Se temperar com cerveja fica muito bom também”, revela o proprietário, Laudir Ongaratto.

Na churrascaria de Laudir, o coraçãozinho de frango se mantém há bom tempo na parte de cima da tabela dos pedidos mais insistentes aos garçons, ao lado da fraldinha, picanha e costela.

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