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A Ovos Guarani, da produtora Vânia Ghidorsi, é uma das 11 unidades de referência tecnológica da Embrapa Aves e Suínos. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
A Ovos Guarani, da produtora Vânia Ghidorsi, é uma das 11 unidades de referência tecnológica da Embrapa Aves e Suínos.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Não é só da carne que vive a avicultura brasileira. Só em 2016, o país produziu 39,2 bilhões de ovos comerciais. O consumo per capita desta proteína no Brasil saltou de 140 para 190 ovos por habitante/ano na última década, mostrando a importância desta cadeia produtiva, chamada de avicultura de postura.

De olho neste setor, a Embrapa Aves e Suínos, com sede em Concórdia, em Santa Catarina, lançou o projeto Boas Práticas de Produção na Postura Comercial, o BPP Ovos, que conta com a colaboração de empresas do setor, dos serviços estaduais veterinários dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Espírito Santo e de entidades representativas, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Liderado pelo analista de transferência de tecnologia da unidade, o zootecnista João Dionísio Henn, o BPP busca, através de atividades técnicas e práticas, assegurar a biosseguridade dos plantéis, a preservação ambiental, a qualidade dos alimentos e a saúde e bem-estar das aves e dos trabalhadores rurais. “Nós orientamos os produtores a seguirem as regras ambientais, trabalhistas e sanitárias”, diz.

O projeto é liderado pelo analista de transferência de tecnologia da unidade, o zootecnista João Dionísio Henn.Albari Rosa/Gazeta do Povo

Os trabalhos começaram no fim de 2015. No ano seguinte, um workshop com a participação de todos os envolvidos alinhou demandas, sugestões e desafios. Ainda em 2016, uma publicação orientativa de 60 páginas com boas práticas foi lançada e os trabalhos de campo começaram em 11 granjas parceiras, chamadas de unidades de referência tecnológica. “O primeiro passo foi visitar todas as granjas e fazer um diagnóstico. Saber quais eram os problemas, o que poderia melhorar. Observar na prática o conteúdo dos materiais e fazer adaptações, se necessário”, conta o pesquisador.

O objetivo do projeto, segundo Henn, é que as unidades de referência possam servir como modelo didático para outras granjas. Ele citou o exemplo do telamento dos aviários. “Na avicultura de corte, o telamento é uma realidade. Por uma série de fatores, nas granjas de postura ainda existem aviários sem tela. Nós elaboramos uma publicação com modelos e exemplos de como fazer. Assim o produtor pode reduzir custos, não se assustar com a atividade”, exemplifica.

No momento, a equipe de pesquisadores está acompanhando a adoção das boas práticas nas granjas de referência. Entre as mudanças sugeridas e que estão sendo adotadas estão os materiais de comunicação da granja, investimento em tecnologia, cuidados sanitários, a organização do escritório, cuidado com o livro de visitas, com os formulários, entre outros. “A partir da nova realidade, queremos aproveitar dados, informações, depoimentos, fotos para elaboração de materiais técnicos consistentes que vão possibilitar que esse modelo seja replicado em outras granjas de postura”.

Segundo o pesquisador, diferente da granja de corte, em que a agroindústria e as cooperativas estão bem consolidadas e ditam os padrões das granjas, na avicultura de postura ainda existem muitos produtores independentes, principalmente pequenos e médios. “Esse trabalho vai ajudar a padronizar a produção nacional de ovos com excelência”.

Referência

Em Concórdia, a pequena empresa familiar Ovos Guarani é uma das 11 unidades de referência do projeto da Embrapa. Comandada pelo casal de produtores Roberto Ghidorsi e Vânia Ghidorsi, a granja com 19 mil aves produzem 15.350 ovos por dia.

Na atividade desde 2007, Vânia conta que a família, que antes da avicultura trabalhava com hortifrútis, está investindo em infraestrutura, sanidade e tecnologia. “Temos dois galpões, e os dois foram telados. E estamos projetando a nova edificação da inspeção, que estamos fazendo o projeto”, conta. Tudo que é produzido pelo casal, que conta com a ajuda da filha Grace, e mais duas funcionárias, é vendido nos mercados da cidade. “Nós estamos buscando a certificação estadual para expandir”, diz a filha Grace, que divide o tempo na granja com os estudos.

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