Maior exportador de carne de frango do mundo, o Brasil precisa ganhar cada vez mais capilaridade e buscar a fidelização de novos mercados. O diagnóstico é da Expedição Avicultura, levantamento técnico-jornalístico da cadeia produtiva do frango no país. O lançamento oficial da 5ª edição do projeto aconteceu no Complexo Agroindustrial da C.Vale, em Palotina (PR), e reuniu a cadeia produtiva para debater os desafios para o setor no país e no mundo.
Na avaliação do gerente do Núcleo de Agronegócio Gazeta do Povo e coordenador da Expedição Avicultura, Giovani Ferreira, o agro brasileiro precisa aproveitar as oportunidades abertas pelas políticas adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para conquistar e fidelizar mercados.
Nesse cenário, o México é um agente importante e que tem capacidade para multiplicar as exportações do Brasil. “Na briga política com os EUA, o México, que é um grande consumidor de milho, está deixando de comprar o produto norte-americano. Somente este ano, dobramos as exportações de frango em volume e em receita para aquele país, mas precisamos fidelizar esse mercado, para que os mexicanos não deixem de consumir produtos brasileiros quando os problemas políticos forem solucionados”, afirma.
Para o gerente regional de avicultura da Boehringer Ingelheim, Emerson Godinho, o governo precisa atuar de maneira mais incisiva no mercado internacional, principalmente em momentos de dificuldades, como o embargo europeu, a taxação chinesa e a Carne Fraca. “O país continua sendo líder em exportação de carne de frango porque tem a melhor qualidade sanitária. Mas precisamos provar isso diariamente”, diz.
Para o diretor-secretário da C.Vale, Valter Dal’Boit, os mercados consumidores têm lembrado, constantemente, que o frango brasileiro atende critérios rigorosos de sanidade, no campo e na indústria. “É o que vai nos ajudar a enfrentar esse momento de dificuldade, que tem cunho muito mais político do que técnico. Precisamos conversar, debater e criar alternativas para esse momento”, defende.
“Sabemos que é um momento difícil para o setor avícola, porque a produção cresce mais que o consumo e a demanda. Mas o mundo precisa da avicultura brasileira e, para dar a volta por cima, precisamos pressionar o governo a olhar com atenção para a atividade. Precisamos nos posicionar, com ações preventivas e não só corretivas, e manter um fórum de debates permanente sobre o setor”, complementa Giovani Ferreira.
Tecnologia
A cadeia produtiva precisa se antecipar às crises também no campo, explica o presidente-executivo da SPRO IT Solutions, Almir Meinerz. “Com tecnologia e plataformas integradoras, capazes de gerar um grande volume de dados e informações que deem resultado ao ecossistema, é possível ser mais proativo, reduzir desperdícios e conectar o produtor e a agroindústria de forma mais eficiente. Evitar perdas e gerenciar melhor os riscos”. Meinerz apresentou cases em que granjas obtiveram mais produtividade com tecnologia avançada de monitoramento e controle.
A importância da tecnologia também foi destacada pelo executivo da Brado Logística, Carlos Pelc. “Quando o assunto é transporte multimodal, não apenas carregamos os contêineres e levamos para o porto. Existe toda uma logística de rastreabilidade para que o cliente saiba onde está o contêiner e consiga acompanhar a carga”. A empresa mantém dois terminais, um em Cambé (PR) e outro em Rondonópolis (MT), e tem capacidade para transportar mais de 70 mil contêineres cheios por ano, o equivalente a mais de dois milhões de toneladas de produtos,.
Paraná
Entre os meses de maio e agosto de 2018, a Expedição Avicultura vai percorrer mais de 15 mil quilômetros por sete estados brasileiros, que juntos têm potencial para produzir 11,5 milhões de toneladas e embarcar 3,5 milhões de toneladas da proteína – os números equivalem a 88% e 93% do desempenho nacional, respectivamente.
Após o evento de lançamento, a equipe de técnicos e jornalistas percorre o Paraná, principal produtor e exportador de carne de frango do país, que deve produzir 4,3 milhões de toneladas da proteína este ano – crescimento de 4,5% em relação a 2017. O roteiro contempla as regiões de Cascavel, Cafelândia, Ubiratã, Maringá, Joaquim Távora e Cianorte.