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Técnicos e jornalistas da Expedição Milho Brasil 2013 encerraram na semana passada o roteiro pelo Centro-Oeste do país. Confira os comentários do analista da FCStone que participa da Expedição, Thaís Carvalho, sobre a situação das lavouras do cereal em Goiás:

“Chegando ao estado de Goiás, a Expedição Milho foi recebida na sexta-feira pelo presidente do Sindicato Rural de Mineiros e produtor rural, Fernando Mendonça. Na visão dele, o desenvolvimento das lavouras de milho na região tem sido mais atrasado do que no ano passado por conta do excesso de chuva no início do plantio da safra de verão, o que acabou por postergar o plantio do milho. A janela ideal de plantio terminou em 25 de fevereiro, contudo há áreas semeadas com milho até 8 de março este ano.

Em torno de metade das lavouras na região está na fase de florescimento, período crítico e que necessita de chuva. Durante o mês de maio, estima-se que este milho precise de 30 a 40 milímetros de chuva. A previsão é de chuva, contudo de forma desuniforme, o que deve demandar atenção. Por outro lado, cabe lembrar que a umidade do solo é boa e em áreas onde as plantas conseguiram maior profundidade, a lavoura não deve ser prejudicada caso a chuva não venha.

Neste ciclo a produtividade é prevista em 80 sc/ha, abaixo dos 100 sc/ha registrados no ano passado, quando as condições foram extremamente favoráveis com o plantio terminando antes de março e chuvas observadas nos meses de março, abril e maio.

A área semeada com milho 2ª safra na região de Mineiros, Portelândia e Perolândia ficou em 70 mil hectares nesta safra, igual ao observado no ano passado. Nesta região, os cultivares de milho não têm mais para onde crescer. A cana tem ocupado as áreas de reforma de pastagem. A colheita deve começar por volta do dia 25 de junho, a depender do teor de umidade do grão.

Para se proteger do veranico, os produtores mesclam híbridos de ciclo longo e curto. As sementes de alta tecnologia predominam, revertendo o comportamento tradicional de começar com alta, depois passar para média e baixa nas áreas semeadas tardiamente.

Os produtores mesmo utilizando sementes de alta tecnologia tiveram problemas com ataque de lagartas, o que exigiu de 2 a 3 aplicações de defensivo/inseticidas, encarecendo o custo de produção. Este incremento é estimado em 4,5 sc/ha. Dessa forma, o custo médio do milho 2ª safra fica, em média, entre 50 e 60 sc/ha na região. Além disso, a perda deve ser de 10% a 15% nas áreas atacadas.

Em termos de comercialização e mercado, as negociações estão paradas. Alguns produtores venderam no início do ciclo a R$20/sc e os demais aguardam preços melhores, pois o atual patamar está abaixo do custo de produção. Por outro lado, este cenário não leva os produtores a pensarem em não cultivar o milho, visto que no verão a única opção para eles seria o cultivo de sorgo.

O cultivo da soja no verão foi muito bom, com produtividade ficando ao redor de 55 sc/ha no mínimo. A soja também registrou problemas com lagarta, com a praga migrando do algodão para a oleaginosa.

Já no munícipio de Rio Verde, foi visitada a Cooperativa Comigo, onde a Expedição Milho foi recebida pelo superintendente comercial Welton Menezes e pelo Engenheiro Agrônomo Paulo Afonso. De acordo com a visão deles, a área com milho 2ª safra chega a 670/690 mil hectares na região Sudoeste de Goiás, representando aumento no comparativo com o ano passado. A janela ideal de plantio terminou em 20 de fevereiro. Porém, o atraso no ciclo da soja fez com ocorresse plantio de milho ainda em março.

Em torno de 50% a 60% das lavouras já estão salvas, com o restante ainda à espera de chuvas no mês de maio para assegurar a produtividade. Nas áreas já em fase de pendoamento a produtividade média estimada é de 110 sc/ha.

Nesta região, os produtores também tiveram problemas com lagarta, precisando realizar de 1 a 2 aplicações de defensivos/inseticidas. A quebra esperada com esta praga é pequena, refletindo apenas em aumento do custo de produção. A produtividade média da 2ª safra deve ficar em torno de 95 sc/ha na região, enquanto a média do estado é esperada em 90 sc/ha.

Até o momento, 20% da produção estão comercializados, com munícipios chegando a 25% no máximo. A venda deve intensificar de junho a novembro no período da colheita. O preço projetado nos meses seguintes é baixo e é bem provável que o governo entre com AGF (programa de Aquisições do Governo Federal).

Além disso, em termos de exportação, o milho deve ter um grande conflito com a soja, concorrendo em termos de armazenamento e transporte. A Cooperativa Comigo tem capacidade para receber em torno de 350 a 400 mil toneladas de milho de julho a agosto, quando a soja irá liberar espaço. Atualmente, o foco principal é a soja e a necessidade de assegurar o abastecimento da esmagadora da própria cooperativa na entressafra. Os armazéns da Comigo estão com sua capacidade total de 1,3 milhão de toneladas ocupada com a oleaginosa.

A colheita da soja costuma ser rápida, de 30 a 35 dias, pois os produtores na região se valem de alta tecnologia. Este ano, porém, as chuvas intensas de janeiro até o começo de abril seguraram o ritmo da colheita. Quanto ao milho 2ª safra, a colheita deve ocorrer de 20 de junho a 10 de agosto.

Em termos de armazenagem, isso tem sido um problema. Alternativas são aguardadas como o uso de silo bags para armazenar o milho na própria lavoura. Também é provável que a Conab consiga liberar linhas de crédito para que os produtores tenham condições de construir armazéns próprios.

Contudo, o que se mostra mais urgente é a questão logística. É necessário que o país tenha mais agilidade para exportar nos momentos em que o mundo está demandando, como tem sido observado nestes primeiros meses do ano.”

* Thaís Carvalho é analista de mercado da consultoria FCStone e integra a equipe da Expedição Milho Brasil 2013

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