Vizinhos de uma das maiores reservas indígenas do Brasil – Parecis –, os produtores do Oeste de Mato Grosso têm poucas alternativas para escoar a produção de grãos da região: Rondônia, Santos ou Paranaguá. Dessas opções, Rondônia é a menos custosa. O percurso de Sapezal até Porto Velho, onde está o terminal de embarque de grãos, soma cerca de 1 mil quilômetros pela BR-364. Até Vilhena, a estrada é boa. Mas, na maior parte do percurso até a capital rondonense, o tráfego é quase tão perigoso quanto o da BR-163, especialmente na época de colheita de uma safra recorde. A pista é simples, mal sinalizada, recheada de crateras e de caminhões, o que eleva o tempo de percurso entre origem e destino das cargas e ameaça a vida dos motoristas. Apesar disso, “é mais viável trazer para cá do que sair pelo Sul do país. Só o frete rodoviário é, em média, R$ 100 a tonelada por mil km”, afirma Hermenegildo Pereira, gerente da Hermasa, empresa que atua no corredor de exportação de Porto Velho.
Como a capacidade do terminal do estado vizinho é limitada, maior parte da produção de Mato Grosso precisa enfrentar o caos na BR-163 dentro de carretas. A rodovia é a principal ligação do Centro-Oeste ao Sul e Sudeste do Brasil e se mostra esgotada, por causa do aumento da produção e exportação do Brasil. Entre o Oeste de Mato Grosso e Paranaguá há mais de 2,2 mil quilômetros, um trajeto que tem pesado no bolso dos agricultores. De acordo com produtores e técnicos entrevistados pela equipe da Expedição Safra, o preço do frete para o Sul subiu pelo menos 40% e até 60% em trechos internos. A tendência é que fiquei ainda mais caro com a evolução da colheita no Centro-Oeste. Até o momento, menos de 10% safra mato-grossense de soja foram colhidos. “A estrada, os portos e hidrovias são os mesmos. Vai faltar caminhão e o frete vai explodir”, aposta Nery Ribas, gerente técnico da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja).
O sonho do setor produtivo do estado é a conclusão das obras de asfaltamento da BR-163 entre Mato Grosso e Santarém (PA), onde há um movimento de instalação de grandes tradings exportadoras. A maior parte do trecho de 1 mil quilômetros, porém, ainda é de terra. Quando a pavimentação for concluída, a BR-163 promete se transformar no maior corredor de exportação de grãos do Brasil, além de reduzir os custos de produção das lavouras do Centro-Oeste. A conclusão das obras sofre adiamentos constantes. Até que isso ocorra, Santos e Paranaguá continuarão afogados.