A possibilidade de romper a barreira dos 200 milhões de toneladas de grãos na safra 2013/14 abre novos horizontes ao agronegócio brasileiro, mas também demanda mais investimentos, mostrou o evento de encerramento da Expedição Safra 2012/13 e lançamento do ciclo 2013/14, realizado na última sexta-feira (28) em Paranaguá. Na avaliação do setor produtivo é preciso fortalecer a logística para garantir um crescimento sustentado do mercado.
Desde o ciclo 2008/09 a produção brasileira segue em expansão. Saltou de 135 milhões de toneladas para 184 milhões até 2012/13, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na última safra, o crescimento foi de 11%, ou 18,1 milhões de toneladas. Se o ritmo for mantido, é possível superar os 200 milhões de toneladas, conforme levantamento preliminar da Expedição Safra 2013/14. Em setembro, o projeto vai mais uma vez a campo com técnicos e jornalistas para aferir as intenções de plantio da próxima temporada.
Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, existem condições de clima, solo e conhecimento que são favoráveis à expansão, mas “é preciso investir na capacidade de transportar e exportar a produção”. Ele destaca que o aporte de R$136 bilhões do Plano Safra para a agricultura empresarial cria uma demanda por investimentos e eleva o potencial de crescimento.
Risco
Apesar do potencial, as dificuldades logísticas podem por em risco a expansão da safra, avalia Paulo Fachin, CEO da Ceagro, holding brasileira produtora de grãos. Ele cita o cenário atual, no qual a dificuldade em escoar o milho produzido na região Centro-Oeste aumenta a concorrência com o cereal dos Estados Unidos, diminuindo a competitividade em preços. “Os problemas tendem a se agravar nos próximos dois ou três anos, pois só podem ser resolvidos com obras de grande porte”, diz.
No Paraná perspectiva de aumento na safra é administrada com planejamento, relata José Richa Filho, Secretário de Infraestrutura e Logística do estado. “Estamos programando a próxima safra tentando adotar uma visão sistêmica. Não adianta investir mais em um modal do que em outro”, aponta.
No porto de Paranaguá a aposta é dar sequência ao processo de otimização das atividades para suprir a demanda extra. Nos últimos 20 anos o fluxo de grãos praticamente triplicou, mas não foi lastreado por investimentos. “Temos que enfrentar os gargalos com o que temos na mão”, explica Luiz Henrique Dividino, superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).
Paranaguá consegue ampliar embarques
A safra 2012/13 exigiu capacidade extra dos portos brasileiros para dar conta de um volume maior de exportações. Entre janeiro e maio deste ano houve acréscimo de pelo menos 7,6 milhões de toneladas de soja e milho nos embarques, comparado a 2012. O porto de Paranaguá acompanhou o ritmo de expansão, mas perdeu participação para outros corredores. A concorrência com terminais e o aumento no fluxo de produtos com embarque mais lento, como o farelo de soja, são apontados como fatores que explicam essa mudança.
Apesar da dificuldade de infraestrutura, Paranaguá embarcou 415 mil toneladas a mais nos cinco primeiros meses deste ano, apontam dados oficiais. De acordo com Luiz Antonio Fayet, consultor em logística da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) o ganho foi possível graças a melhoria operacional. “Paranaguá está fazendo milagres no embarque. Hoje é o porto com maior eficiência no uso das instalações próprias”, aponta.
Apesar do crescimento nos embarques, o crescimento de outros terminais reduziu a participação do porto paranaense. Até maio foram carregados 16,4% dos 31,7 milhões de toneladas de soja e milho embarcados no Brasil. Em 2012 o porcentual era de 19,9%. No mesmo período portos como Santos, Rio Grande e São Francisco do Sul ampliaram a participação.
Para Luiz Henrique Dividino, superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), um dos fatores que justificam essa mudança é o aumento nas exportações de farelo de soja, que tem embarque mais lento. “O ritmo de carregamento é outro”, diz. Cada shiploader consegue carregar 1,5 mil toneladas de grãos por hora, mas o volume cai para 700 toneladas/hora quando se trata do farelo. Dividino acredita em uma recuperação no médio prazo, com o avanço nos projetos de reestruturação previstos.
O clima é outro fator que limita os embarques. Foram 40 dias de chuva entre janeiro e maio, reduzindo a atividade do terminal.