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A pecuária não tem condições técnicas nem econômicas de segurar a expansão da soja em Mato Grosso. Isso ficou evidente em duas regiões que a Expedição Safra visitou nesta semana, por indicação dos próprios produtores, no quadro "Sugira um Destino", que ajuda o projeto a monitorar a safra de milho e soja do plantio à colheita.

Uma dessas regiões é a de Nova Canaã do Norte. Saindo de Sorriso (Médio-Norte), o maior reduto brasileiro da soja, em direção ao Norte, são 350 quilômetros de estrada. No meio do caminho, as lavouras de soja praticamente desaparecem, predominando o Cerrado e as pastagens. Aos poucos, porém, as áreas de soja começam a se impor. E há propriedades tão ou mais tecnificadas que as do Médio Norte.

Na fazenda Gamada, de Mário Wolf, a integração lavoura-pecuária-floresta chegou para ficar. Ele substitui o gado pela soja não só pelo bom momento das cotações dos grãos, mas também pelas próprias dificuldades da pecuária. "Estamos enfrentando um problema grave de degradação das pastagens. E a saída para a recuperação é a agricultura", aponta. A integração é o melhor caminho por questões técnicas e pelo próprio aumento no rendimento, relata.

Nos 17 municípios do Norte, a oleaginosa passou de 30 mil para 128 mil hectares em cinco anos, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

O segundo destino visitado por sugestão dos produtores foi Brianorte, uma comunidade de Nova Maringá, no coração do mapa do estado. Apesar de estar na mesma região do Sorriso, Sinop, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, a vila de Brianorte, com 2 mil habitantes, planta soja sem qualquer infraestrutura básica. Os caminhões carregados de grãos precisam percorrer pelo menos 90 quilômetros de estradas de chão, atravessando pontes, trechos esburacados e lamaçais para chegar à via asfaltada mais próxima.

"Chegamos a 50 mil hectares e estamos entre os municípios de maior potencial, mas sem nenhum apoio", lamentou Fábio Rossetto, liderança da comunidade. Por outro lado, ele mostra certeza de que o cultivo tende a continuar se expandindo. Em sua avaliação, um número maior de produtores terá mais força para reivindicar obras. Com a arroba do boi a R$ 80 e saca de soja acima de R$ 40, sua avaliação ganha tom inquestionável.

Na próxima edição do caderno Agronegócio,publicado às terças-feiras na Gazeta do Povo, mais detalhes sobre essas duas regiões.

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