Depois de cerca de 20 dias de seca, as chuvas voltaram a molhar as lavouras no Norte de Minas Gerais e devolvera o sono aos produtores. A chegada das precipitações coincidiu com a data de passagem da equipe da Expedição Safra Gazeta do Povo, que já percorreu mais de 4 mil quilômetros na última semana pelos estados de Goiás e Tocantins, e agora segue viagem pelo Triângulo Mineiro rumo ao Sudoeste goiano e São Paulo.
O clima tem sido conturbado desde o início do ciclo, disseram produtores, técnicos e representantes de cooperativas entrevistados. Em Unaí (Norte), não é à toa que os equipamentos de irrigação artificial são vistos por todos os cantos. Plantações de soja, milho, feijão e café se revezam debaixo dos pivôs, por causa do histórico pluviométrico do município, com um dos territórios mais extensos de Minas e baixos índices de chuvas.
“No meio de novembro do ano passado, choveu 500 milímetros. Depois, foram 14 milímetros em 40 dias. Em janeiro, o volume acumulado chegou a 630 milímetros em 21 dias”, relata o produtor Antero Manica, um dos pioneiros na região de Unaí, mas com experiências no Rio Grande do Sul e Paraná. Aliás, conta boas histórias de viagens que fez a Curitiba quando ainda era um piá de 18 anos.
Há quem aposte que esta safra teve o clima mais atípico da história do norte mineiro. As intempéries ao longo do desenvolvimento do ciclo, no entanto, não devem derrubar os rendimentos para patamares inferiores aos do ano passado, quando boa parte das lavouras sofreu quebra na produção. O impacto das chuvas comprometeu o potencial produtivo, ou seja, deve-se colher menos do que se esperava, porém, mais do que no ano passado. “A média da região deve ficar em 55 sacas de soja por hectare, contra 50 sacas no ano passado”, projeta o agrônomo e gerente de comercialização de insumos da Cooperativa Agrícola de Unaí (Coagril), Marcos Magalhães.
Com base em contatos diários com agricultores da região, ele diz que as áreas irrigadas estão rendendo entre 65 sacas e 70 sacas. Nas áreas de sequeiro, a produtividade é 10 sacas abaixo do normal e alcançando entre 45 sacas e 50 sacas por hectare. "Ninguém plantou para colher menos de 60 sacas por hectare", acrescenta.
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