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A área e a produtividade da soja e do milho, variáveis que determinam a safra nacional, vêm sendo medidas com exatidão cada vez maior a partir de programas que misturam imagens de satélite e levantamentos de campo. Mato Grosso do Sul está implantando o Sistemas de Informações Geográficas do Agronegócio (Siga), programa que serve de referência para outros estados, inclusive Mato Grosso, o maior produtor nacional de soja. A iniciativa é da Federação da Agricultura (Famasul) e da Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja-MS).

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O Siga começou a ser implantado na safra de 2009, quando Mato Grosso do Sul plantava cerca de 1,6 milhão de hectares de soja e milho. Logo naquele ano, detectou 100 mil hectares a mais de lavouras. Na safra atual, quando o estado passa pela primeira vez de 2 milhões de hectares plantados no verão, o programa chega à fase de estruturação. O tamanho das lavouras foi medido no plantio e, agora, os técnicos estão voltando a campo para conferir in loco a condição de cada área.

A precisão técnica é de 97% para a projeção da área da soja, afirma o coordenador do projeto, o agrônomo Leonardo Carlotto.  A respeito da área de milho, o grau de acerto é calculado em 69%. Para a cana e o algodão são 92%.

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A Famasul contratou uma empresa especializada na interpretação de imagens de satélite e vem investindo R$ 110 mil ao ano no serviço. Os técnicos vão a campo para alimentar o programa. A equipe chega a georreferenciar 500 pontos por dia, colhendo informações que desvendam o que há no mapa formado pelas fotos obtidas do espaço. Nesta safra, os técnicos devem marcar 20 mil pontos geográficos em todas as regiões produtoras de grãos do estado – 4 mil a mais do que em 2011/12.

A viatura do Siga percorre praticamente todas as estradas do estado e, de 500 em 500 metros, os técnicos marcam sua posição geográfica e as culturas existentes à esquerda à direita da via. Essas anotações são processadas e usadas para distinguir as áreas de soja e milho nas imagens de satélite, pelo número de pixels. Numa primeira fase, os dados de campo servem para treinamento de um programa eletrônico, que passa a diferenciar cada cultura automaticamente.

Os dados mostram a expansão da produção de grãos em municípios como Bandeirantes (Centro-Norte), onde a área da soja teria passado de 27 mil (2011/12) para 35 mil hectares (2012/13). O programa que usa imagens de satélite não dispensa entrevistas com produtores, relatam os técnicos Dany Corrêa e Reinaldo Brito, que fazem o trabalho de campo e auxiliaram a Expedição Safra Gazeta do Povo no estado.

Numa das regiões mais produtivas de Mato Grosso do Sul, a de Dourados (Sudoeste), houve lavouras que enfrentaram três veranicos nesta temporada, com perdas na produtividade da soja de 10% a 50%. Segundo Corrêa, as quebras ocorrem em áreas localizadas e devem se tornar menos expressivas com o avanço da colheita. Conforme o Siga, o estado ainda pode alcançar média de 3 mil quilos por hectare.