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Na reta final do plantio da soja, produtores do Oeste catarinense têm uma difícil decisão a tomar: colher o trigo ou avançar com as plantadeiras sobre as lavouras do cereal. Depois de enfrentar seca em agosto, geada em setembro e excesso de chuvas no final de outubro, o trigo perdeu produtividade e qualidade e agora deixa o produtor em dúvida se, depois disso tudo, ainda vale a pena tirar os poucos grãos que resistiram do campo em áreas onde a perda foi total.

"Fiz um teste para saber se valia a pena colher. Coloquei duas máquinas em campo colhendo durante um dia inteiro e não consegui encher uma carreta de triguilho. Considerando os descontos na comercialização, não paga combustível", conclui Rodrigo Bigaton, agrônomo responsável pelas fazendas da Sementes Ouro Verde, explicando que cada colheitadeira gasta, por dia de trabalho, 700 litros de óleo diesel a cerca de R$ 2 o litro.

Mostrando à equipe da Expedição espiguetas de trigo praticamente vazias, ele conta que metade de uma área de 300 hectares cultivada pelo grupo em Abelardo Luz foi totalmente perdida. "Além de não ter grão, a lavoura está rebrotando. Isso diminui ainda mais o valor de venda, se encontrar mercado", diz, justificando a plantadeira que aponta na cabeceira na área, avançando sobre o cereal.

Se economicamente a estratégia faz sentido, agronomicamente pode não ser a alternativa mais recomendada. "Não estou colhendo quase nada e a qualidade é péssima. Mas se não tirar do campo não só o perco trigo, como arrisco a soja", pondera Daniel de Fabris, também de Abelardo Luz. Ele explica que ocupando a mesma área ao mesmo tempo as plantas de soja e trigo competem por umidade, nutrientes e luminosidade, comprometendo o potencial produtivo da oleaginosa.

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