A Expedição Safra Gazeta do Povo vem se deparando nesta semana com agricultores gaúchos ressabiados. Eles têm motivos para manter um pé atrás, apesar das previsões de clima favorável para a safra de grãos 2014/15.
No último ano, tudo entrou nos eixos na agricultura gaúcha. O trigo e a soja alcançaram colheitas recordes e o milho rendeu bem. E todas as culturas de peso tinham preços remuneradores -- algumas mantiveram cotações excelentes. A lucratividade da pecuária completava um quadro raro de bons resultados no campo e no bolso.
Neste ano, o trigo tropeçou feio, com quebra que passa de 50% no Noroeste, e os preços caíram, numa onda de baixas protagonizada pela soja e pelo milho. Seria um sinal de que o período de bonança chegou ao fim?
Neste momento, no início do plantio da soja (principal aposta do ano), a previsão é que uma chuvarada derrame mais de 100 milímetros de água sobre as lavouras em uma semana. Se as precipitações forem bem distribuídas no tempo, tudo bem. Se houver enxurrada, lá se vai parte do adubo.
Acostumados a um ano de quebra a cada três safras, os produtores mostram-se desconfiados de que não estão descartadas também estiagens durante o desenvolvimento das plantas. Com chuva no início do ciclo, a soja e o milho desenvolvem menos as raízes, e ficam mais frágeis ante períodos secos.
"A previsão de El Niño forte foi descartada. Agora o que temos é um prognóstico de chuva pouco acima do normal", explica o agrônomo Gilmar Vione, técnico da Emater em Santa Rosa, município que é o berço da soja no Brasil.
Tudo está só começando, afirma o agricultor Airton Becker, de Cruz Alta. A região amplia
a área da soja de 90 mil para 91 mil hectares. "Se as previsões de chuva se concretizarem, a produtividade deve ficar até acima das 40 sacas por hectare em nossa região." O tombo que realmente merece preocupação é o dos preços. Quem vendeu a saca da oleaginosa a R$ 65 em 2013 pode não alcançar R$ 50, considera.
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