Enquanto muitos agricultores comemoram o retorno das chuvas e outros já avaliam que esta safra sofre menos ataques de insetos e doenças do que o habitual, a ferrugem asiática age silenciosamente e reduz a produtividade de lavouras de soja do Oeste de Mato Grosso, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. Os técnicos e produtores da região dizem que o impacto pode ser ampliado pelas chuvas deste mês.
Lançar alertas aos produtores se tornou parte da rotina do agrônomo Emerson Müller, que monitora a produção de 20 mil hectares de soja. Ele conta que, apesar de o número de ocorrências não estar subindo rapidamente, a doença está se alastrando.
A partir do momento em que constata a presença do fungo causador da doença, o produtor parte para a prevenção e os registros deixam de ser notificados. O número de aplicações de defensivos tende a aumentar, elevando custos na reta final do ciclo.
A aplicação de fungicidas com a soja desenvolvida tem efeito relativo, aponta o agrônomo Luiz Tadeu Jordão, que viaja com a Expedição Safra. “A parte baixa das plantas dificilmente recebe os defensivos.” Mesmo assim, o controle preventivo, apesar de elevar custos, é considerado a melhor estratégia.
As perdas com a ferrugem ainda não foram quantificadas, mas podem chegar a 10% do potencial da colheita nas lavouras afetadas do Oeste de Mato Grosso. Quando foge do controle, a doença rouba energia das vagens e reduz o volume colhido em um terço.
O número de casos de ferrugem asiática registrados no Brasil cresce aos poucos nesta temporada, conforme o Sistema de Alerta monitorado pela Embrapa Soja. O Paraná lidera com 82 registros e Rio Grande do Sul vem em segundo lugar com 61. O Sul registrou mais chuvas nos últimos meses. Goiás (34) e Mato Grosso (31), que tiveram três períodos de seca, estão em terceiro e quarto lugar, respectivamente.