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Lavouras tardias driblaram estiagem de dezembro

Produtor Gibran Thives Araújo, que cultiva 2,6 mil hectares de e 400 de milho diz que foi favorecido pelo atraso no plantio. | Jonathan Campos / Gazeta Do Povo
Produtor Gibran Thives Araújo, que cultiva 2,6 mil hectares de e 400 de milho diz que foi favorecido pelo atraso no plantio. (Foto: Jonathan Campos / Gazeta Do Povo)

Quando faltou água para o plantio do trigo em 2013, os produtores da região de Guarapuava (Centro) prorrogaram à força a semeadura. Sabiam que o calendário do ano todo teria de ser adiado em cerca de duas semanas. A região, que tradicionalmente planta e colhe mais tarde na comparação com o restante do estado, ficaria ainda mais distante do Oeste, por exemplo. Mas o atraso teve recompensa dupla. Além de o trigo ter escapado ileso das geadas (e da neve) com volume e qualidade, as lavouras de soja, plantadas na sequência, driblaram a falta de chuva de dezembro. Estavam pequenas e não exigiam tanta umidade, relata o produtor Gibran Thives Araújo, que cultiva 2,6 mil hectares com a oleaginosa e 400 com milho.

A condição climática observada até agora permite expansão da produtividade, avalia o produtor, que recebeu a Expedição Safra Gazeta do Povo em sua propriedade. Sua meta é ultrapassar as médias de 11,1 mil quilos de milho e 4,1 mil quilos de soja alcançadas em 2013. Além do clima, observa que a estruturação do solo, construído em mais de 30 anos de plantio direto na palha, ajuda a reforçar e equilibrar os rendimentos.

O clima é um aliado da região de Guarapuava. Com médias próximas de 12 mil quilos de milho por hectare, as fazendas são líderes nacionais em produtividade do cereal. Entre outros fatores, as noites frias (com média anual de 14 graus), contribuem para isso. O investimento no cereal, por outro lado, também é maior. Passa de R$ 2 mil por hectare e teve alta de cerca de 5% no último ano. Mesmo assim, quando os produtores da região consideram a margem de lucro apertada, acende-se um sinal de alerta em todo o setor. E é isso que acontece neste momento, com o cereal na valendo R$ 20 no mercado físico, cotação que promete retorno de um terço (sobre o custo operacional, que não considera rendimento por uso da terra e depreciação de máquinas).

“Para manter a rentabilidade, é preciso produzir mais”, afirma Araújo. Ele investe também em novas tecnologias para a soja, com 230 hectares cobertos com sementes resistentes a insetos, que estreiam nesta safra no Brasil. Os custos da oleaginosa, que também subiram cerca de 5%, estão maiores ainda pela compra maior de inseticidas. As aplicações, no entanto, têm sido suficientes para evitar danos da lagarta Helicoverpa armigera na região.

Com bons resultados no campo, 2014 passa a depender do mercado, analisa o produtor. Em sua avaliação, mesmo que os Estados Unidos e a América do Sul confirmem expansão da produção de soja e milho, a demanda internacional mostra força para sustentar pelo menos as cotações da oleaginosa. “Mesmo que as médias do ano passado não se sustentem, será um bom ano comercial”, confia.

A Expedição Safra segue viagem pelo Oeste do Paraná. Acompanhe nesta terça-feira as informações consolidadas na última semana, durante viagem a São Paulo e à metade leste do mapa paranaense.

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