Além do atraso de cerca de duas semanas no plantio da soja, que adia a semeadura do milho de inverno para março e eleva os riscos climáticos da próxima safra de inverno, novos fatores como a alta dos custos reforçam a tendência de queda na produção do cereal.
Os fertilizantes estão subindo no Brasil e inibem investimentos, com reflexos na produtividade, apontou Ângelo Ozelame, gestor técnico do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), em reunião com a Expedição Safra nesta quarta-feira pela manhã.
No último ano, a ureia subiu 12% em Mato Grosso, conforme o Imea. Os técnicos do órgão preveem queda de 12% na área do milho de inverno, para 2,83 milhões de hectares. A colheita tende a ser 17,62% menor (14,6 milhões de toneladas) devido a uma queda de 6% na produtividade (86 sacas por hectare).
Não há uma inversão no quadro da soja, de dólar baixo no plantio e dólar alto na colheita, avalia o economista da INTL FCStone João Santucci, que acompanha a Expedição na viagem por Mato Grosso. Ele considera que a cotação da moeda norte-americana tende a se manter elevada ou aumentar em 2015.
A própria retração nas vendas futuras da soja que será colhida a partir de janeiro influencia no planejamento do próximo ciclo. Em Mato Grosso, os negócios correspondiam a 25% da safra (até outubro) e voltam a correr, mas não devem alcançar o ritmo do ano passado tão cedo (50% em novembro).
Os preços do milho reagem e tenta estimular o cultivo. Em Rondonópolis houve negócios a R$ 21 por saca e a cotação busca sustentação perto de R$ 20, o que tende a reanimar produtores que temiam ter de vender a produção de 2014 por R$ 13/sc.