RS lança colheita com previsão de que vai faltar milho

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Com um terço da área do milho já limpa, o Rio Grande do Sul lançou neste sábado (8 de fevereiro) a colheita de verão em Pejuçara, no Noroeste do estado. O cereal faz frente à retirada do arroz e da soja do campo e virou tema de uma campanha no estado. O governador Tarso Genro e o secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, foram à zona rural e tentaram estimular os produtores, que pediram mais empenho do poder público para instalar irrigação e elevar a produtividade dos milharais.

O governo gaúcho tenta evitar recuo maior no plantio de milho, que foi reduzido a 1 milhão de hectares, a menor área em mais de 30 anos. No lançamento da colheita, acompanhado pela Expedição Safra Gazeta do Povo, o secretário da Agricultura alertou que o estado precisa de mais milho, para sustentar competitividade de cadeias como a do frango e a do suíno.

O consumo dessas cadeias chega perto de 5,5 milhões de toneladas. Apesar do avanço na produtividade, o recuo na área cultivada (30% em 10 anos) força o agronegócio gaúcho e buscar perto de 1,5 milhão de toneladas do cereal até em Mato Grosso, a pelo menos 1,7 mil quilômetros de distância.

Produção e consumo praticamente se equivalem em ano de boa safra, mas, como nem toda a colheita fica no mercado interno, as compras viraram regra.

O clima prejudicou boa parte da produção do milho neste verão, com a seca de dezembro. O produtor Raini Lohmann, de Panambi, relata como isso afeta as cadeias produtivas. "Poderia tirar até 50 toneladas por hectare para silagem [grãos e massa verde], mas estou tirando 40. Vou ter que comprar 20% a mais de farelo de soja para complementar a alimentação das vacas de leite com ração." Os 28 animais de sua propriedade vão exigir compra de 1,2 tonelada de farelo mensalmente no próximo ano.

O secretário da Agricultura apontou que as áreas de alta tecnologia estão conseguindo rendimento cada vez maior, o que traz alívio ao abastecimento. A diferença, por hectare, é de 150 sacas para 250 sacas, apontou. Nessas áreas mais produtivas, no entanto, é necessário irrigação. O estado estaria dobrando o milho irrigado de 100 mil para 200 mil hectares.

O produtor Daniel Lohmann conta que está tentando financiar e instalar irrigação há cerca de um ano e meio, mas não consegue. Ele reclama da burocracia e da falta de estrutura no fornecimento de energia elétrica. O governador Tarso Genro disse que o estado está trabalhando para isso. Rodeado de produtores, alegou que a demora na liberação de licenças é necessária para evitar interrupções por parte do Ministério Público e atraso ainda maior.

A Expedição Safra segue viagem pelo Sul há duas semanas. Nos próximos dias, percorre a região de Pelotas e o Uruguai.