Excesso de umidade atrapalha colheita e deve reduzir produtividade de soja de Rui Cezar Zanchet, de Dom Aquino (Sudeste)| Foto: Daniel Castellano / Gazeta Do Povo

Se ao Norte de Mato Grosso a colheita começa com rendimentos acima das expectativas, no Sul do estado a situação é oposta, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo. Um veranico registrado nas primeiras semanas de plantio da safra 2013/14 comprometeu o desenvolvimento das plantações. Nas áreas marcadas pela seca a produtividade inicial chega a estar 10 sacas por hectare abaixo da média final alcançada no ciclo passado. Em algumas fazendas houve inclusive replantio, relataram os produtores.

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Dono de 1,28 mil hectares de soja no município de Itiquira, Celso Dalastra conta que está retirando do campo 48 sacas por hectare de média. Na temporada 2012/13, ele conseguiu fechar o ciclo com 57,6 sacas por hectare. Ele espera que a média inicial seja elevada com a evolução da colheita e alcance pelo menos o mesmo índice do ano passado, “mas para isso precisamos de clima e não ter problemas com mais nenhuma praga”, lembra. Até o momento, as máquinas colheram 2% da área total do produtor. No ano passado, os trabalhos começaram em fevereiro.

A pouco mais de 300 quilômetros dali, em Primavera do Leste (Sudeste do estado), são as chuvas excessivas que ameaçam derrubar as produtividades de soja e atrasam a entrada das colheitadeiras no campo. Na fazenda de Cezar Zanchet, o atraso é de 20 pontos porcentuais em relação ao ano passado. Até agora, ele colheu 20% dos 1,5 mil hectares plantados com soja. “Acredito que a minha média fique em 52 sacas por hectare. Eu esperava o mesmo resultado do ano passado [55 sacas por hectare]”, diz.

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Ligação do Oeste com o Médio-Norte, MT-235 é uma das piores estradas de Mato Grosso. 

Rodovia?Isso aqui é uma BR? A pergunta direcionada ao escriba deste Diário é do repórter fotográfico da Gazeta do Povo, Daniel Castellano, durante viagem em Mato Grosso. Esta é a primeira vez que o profissional vem para essas bandas, mas ele já cumpriu roteiros no Sul do país. O questionamento em tom de indignação se deve às péssimas condições da principal rodovia usada pelo agronegócio para exportação de grãos no Centro-Oeste brasileiro.

A situação da BR-163, que corta o país de Norte a Sul e no último ano recebeu cerca de 20 milhões de toneladas de soja e milho em carretas, continua contraditória em relação a sua importância. A estrada piora a partir da divisa com Mato Grosso do Sul. Além da irregularidade no asfalto e a falta de sinalização – vertical e horizontal -- em boa parte do trecho até o Norte do estado os buracos aumentam em quantidade, profundidade e largura. Há inclusive pichações no asfalto questionando a finalidade do Imposto de Propriedade de Veículos Automores (IPVA).

Mas não é somente a BR-163 que está bombardeada. Há inclusive estradas estaduais com cobrança de pedágio cujo valor não se justifica. É o caso da MT-130, que liga os municípios de Primavera do Leste e Rondonópolis. Após pagarem uma tarifa de R$ 6,50 para carros e caminhonetes, motoristas precisam encarar mais de 200 quilômetros de estrada simples, com pouca sinalização e muitos buracos, que obrigam as carretas a invadirem a pista contrária.

A MT-235, que liga os municípios de Campo Novo do Parecis (Oeste) a Nova Mutum (Médio-Norte), é ainda pior. Um trecho de 30 quilômetros até o trevo para São José do Rio Claro obriga que os motoristas também façam zigue-zague na pista. Em muitos pontos, é preciso parar totalmente os veículos para evitar acidentes.

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A Expedição Safra Gazeta do Povo rodou mais de 2 mil quilômetros somente pelas regiões produtoras de soja e milho de Mato Grosso na última semana. Na próxima segunda-feira (27), a equipe confere os trabalhos de colheita no estado vizinho de Mato Grosso do Sul, a partir da capital do estado Campo Grande.